> RICARDO OLIVEIRA DA SILVA
Marcos Afonso chamava atenção naquele momento para a necessidade de os ateus desempenharem uma função propositiva nas realidades sociais em que estão inseridos.
Penso que essa reflexão é central quando se indaga sobre a existência e a atuação de um ativismo ateísta, o qual, de 2013 para o tempo presente, conheceu um sensível declínio no Brasil.
Uma das características que se encontra nas sociedades contemporâneas é a organização de grupos em prol de um ativismo que busca o atendimento de demandas sociais e políticas. Em um primeiro momento, parece não fazer muito sentido falar em ativismo ateísta, pois se falaria de uma população que é definida apenas por não acreditar em Deus.
Contudo, como destaco a partir de minhas pesquisas sobre história do ateísmo, a descrença em Deus é um componente de uma circunstância mais ampla que envolve ateus e ateias.
É possível verificar que em sociedades marcadamente religiosas, atitudes de desconfiança e hostilidade historicamente foram direcionadas para quem manifestava dúvidas ou rejeitava a existência de um mundo religioso.
Nesse sentido, um dos primeiros passos que um ativismo ateísta pode dar é o de combater o preconceito e os estereótipos depreciativos criados em torno dos ateus e ateias, como a ideia de que ateu não possui moral.
A denúncia e crítica ao preconceito direcionado ao ateísmo se insere, no meu ponto de vista, a defesa do respeito as pessoas manifestarem, sem sofrer represália, sua descrença religiosa e sua visão de mundo alternativa aquela baseada na ideia de existir um Deus.
Por isso o tema do Estado laico é importante para o ativismo ateísta. Como parte do vocabulário político moderno, a ideia de Estado laico se refere a uma instituição que possui entre seus objetivos garantir a liberdade de crença e de descrença religiosa de forma equânime.
Ao se falar em Estado laico, o que é realçado é uma dimensão política do ativismo ateísta, que igualmente pode focar no livre-pensamento, como na promoção de uma educação que não significa eliminar o conhecimento das ideias religiosas entre a população, mas que não cerceie o conhecimento de um ensino e de valores éticos seculares.
Nos pontos que apresentei não falei que o ativismo ateísta deve “converter” pessoas ao ateísmo, pois não considero que isso deva ser o papel do ativismo ateísta.
O respeito à diversidade de crenças como base para o princípio da tolerância nas relações humanas é o que defendo como profícuo e salutar no engajamento social dos ateus e ateias.
A crítica as ideias e instituições religiosas por parte do ativismo ateísta são importantes quando o foco é destacar o papel social delas como promotores de opressão e preconceitos.
Por isso atualmente o tema da laicidade ganha evidência no meio ateísta, já que vivemos um contexto histórico onde o governo federal flerta e busca apoio em grupos religiosos que explicitamente se opõem ao Estado laico para auferir benefícios próprios. Inclusive o lema da campanha presidencial de Bolsonaro em 2018 foi “Deus acima de todos”.
Em 2013, quando ocorreu o Encontro Nacional de Ateus – Edição Rio Branco/Acre, o ativismo ateísta estava em ascensão. Poucos anos depois, ele perdeu força.
Divergências políticas e na forma de modelar o engajamento social foram fatores que colaboraram para esse declínio. Porém, hoje, é mais do que urgente que o meio ateísta busque dialogar entre si e com outros setores da sociedade, inclusive religiosos, para se opor aos desejos de teocracia que povoam os sonhos de conservadores religiosos e políticos.
E, parafraseando um antigo pensador do século XIX, com a consciência de que pode soar como clichê, finalizo o artigo com a sentença: “Ateus e Ateias do Brasil, uni-vos!”
Ao se falar em Estado laico, o que é realçado é uma dimensão política do ativismo ateísta, que igualmente pode focar no livre-pensamento, como na promoção de uma educação que não significa eliminar o conhecimento das ideias religiosas entre a população, mas que não cerceie o conhecimento de um ensino e de valores éticos seculares.
Nos pontos que apresentei não falei que o ativismo ateísta deve “converter” pessoas ao ateísmo, pois não considero que isso deva ser o papel do ativismo ateísta.
O respeito à diversidade de crenças como base para o princípio da tolerância nas relações humanas é o que defendo como profícuo e salutar no engajamento social dos ateus e ateias.
A crítica as ideias e instituições religiosas por parte do ativismo ateísta são importantes quando o foco é destacar o papel social delas como promotores de opressão e preconceitos.
Por isso atualmente o tema da laicidade ganha evidência no meio ateísta, já que vivemos um contexto histórico onde o governo federal flerta e busca apoio em grupos religiosos que explicitamente se opõem ao Estado laico para auferir benefícios próprios. Inclusive o lema da campanha presidencial de Bolsonaro em 2018 foi “Deus acima de todos”.
Em 2013, quando ocorreu o Encontro Nacional de Ateus – Edição Rio Branco/Acre, o ativismo ateísta estava em ascensão. Poucos anos depois, ele perdeu força.
Divergências políticas e na forma de modelar o engajamento social foram fatores que colaboraram para esse declínio. Porém, hoje, é mais do que urgente que o meio ateísta busque dialogar entre si e com outros setores da sociedade, inclusive religiosos, para se opor aos desejos de teocracia que povoam os sonhos de conservadores religiosos e políticos.
E, parafraseando um antigo pensador do século XIX, com a consciência de que pode soar como clichê, finalizo o artigo com a sentença: “Ateus e Ateias do Brasil, uni-vos!”
> O título original desse artigo é "Qual o papel do ativismo ateísta?"
Vídeo: por que ser ateu/ateia?
Comentários
https://youtu.be/lxkAhb_3HB8
Felipe Zanon, organizador do II Ena/Acre
"Sou cristão ... acredito em Deus e em toda sua bondade"
Vamos ver na hora do voto ...
Realidade ... as vezes machuca ....
"Deus disse...", um ser que nem existe, exceto ser um mero ideal, nunca poderia dizer algo. O que existe são os tais "representantes" de Deus, logicamente os tais "porta-vozes" é que vão dizer coisas "que Deus disse". Há "trocentas" versões e interpretações de Deus DO monoteísmo. Desde os esquizofrênicos que "conversaram" com Deus, até os déspotas que tiram proveito da credulidade do povão para manipular.
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