O professor de história Danilo Monteiro Firmino conta que uma estudante ficou indignada ao ouvi-lo falar da tese de seu mestrado, sobre ateísmo, e então ela passou a fazer perguntas provocativas.
"Eu ri, acho que não deveria, mas ri."
Firmino contou esse episódio em uma live [ver abaixo] de Ricardo de Oliveira da Silva, também professor de história e colaborador deste site.
No Brasil, cuja maioria da população é cristã, os ateus sofrem preconceito, inclusive dentro da própria família, e também, como atesta Firmino, na academia, onde, em tese, as mais diversas correntes de ideias devem ou deveriam ser expostas sem qualquer constrangimento.
"Parece que estamos lá para converter as pessoas ao ateísmo, mas é um trabalho acadêmico", disse Firmino. "As pessoas acham estranho, os acadêmicos não sabem sobre o que a gente está falando; tive discussões."
Firmino é ateu e tem interesse por religiões, já fez estudo sobre candomblé e umbanda. Atualmente se dedica à espiritualidade sem deuses proposta pelo neurocientista americano Sam Harris.
Professor na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Firmino, em seu mestrado, apresentou a dissertação "Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) x Estado brasileiro: ateísmo, laicidade e conflitos jurídicos na formação do primeiro movimento social ateísta do Brasil".
Ele disse, na live, que a militância da Atea se assemelha aos posicionamentos do filósofo ateu Paul-Henri Thiry (1723-1789), o barão d'Holbach, que bateu de frente contra o obscurantismo da religião e defendeu a ciência e a razão — um radical do iluminismo.
Firmino lamentou que a página da Atea no Facebook tenha sido derrubada em 2019, quando ela tinha 700 mil seguidores e grande poder de influência. Lembrou que a página causava polêmicas e que muitos jovens acabaram se assumindo como ateus a partir da leitura dos seus posts.
"Foi e é a maior instituição do ativismo do Brasil", disse. "Possibilitou que muitos ateus saíssem do armário."
Firmino lamentou o fato de a Atea não ter mais uma página com tanta influência, concentrando-se, atualmente, no ativismo jurídico.
Ainda assim, o professor acredita que o movimento ateísta brasileiro continua atuante, por intermédio da internet. Há canais no Youtube, sites, livros — muita gente está produzindo conteúdo com temáticas do ateísmo, diz.
Para ele, há espaço para a militância das diversas correntes do ateísmo, com viés mais filosófico, por exemplo, e não só, portanto, na linha do barão d'Holbach/Atea, de uma postura mais de combate às religiões.
O fato novo neste começo do século 21, segundo ele, é que a militância ateísta mudou de paradigma. "O ateísmo hoje em dia ganhou uma capa científica, com argumentos extraídos da biologia, do darwinismo e da neurociência."
Outros temas foram discutidos na live no canal História e Ateísmo, de Ricardo Oliveira da Silva, como a origem da palavra ateu (com a conotação pejorativa que persiste até hoje), ensino religioso e presença de crucifixo em espaço público.
Ateus contam no Facebook da Atea como a intolerância os atinge
"Eu ri, acho que não deveria, mas ri."
Firmino contou esse episódio em uma live [ver abaixo] de Ricardo de Oliveira da Silva, também professor de história e colaborador deste site.
No Brasil, cuja maioria da população é cristã, os ateus sofrem preconceito, inclusive dentro da própria família, e também, como atesta Firmino, na academia, onde, em tese, as mais diversas correntes de ideias devem ou deveriam ser expostas sem qualquer constrangimento.
"Parece que estamos lá para converter as pessoas ao ateísmo, mas é um trabalho acadêmico", disse Firmino. "As pessoas acham estranho, os acadêmicos não sabem sobre o que a gente está falando; tive discussões."
Firmino é ateu e tem interesse por religiões, já fez estudo sobre candomblé e umbanda. Atualmente se dedica à espiritualidade sem deuses proposta pelo neurocientista americano Sam Harris.
Professor na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Firmino, em seu mestrado, apresentou a dissertação "Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) x Estado brasileiro: ateísmo, laicidade e conflitos jurídicos na formação do primeiro movimento social ateísta do Brasil".
Ele disse, na live, que a militância da Atea se assemelha aos posicionamentos do filósofo ateu Paul-Henri Thiry (1723-1789), o barão d'Holbach, que bateu de frente contra o obscurantismo da religião e defendeu a ciência e a razão — um radical do iluminismo.
Firmino lamentou que a página da Atea no Facebook tenha sido derrubada em 2019, quando ela tinha 700 mil seguidores e grande poder de influência. Lembrou que a página causava polêmicas e que muitos jovens acabaram se assumindo como ateus a partir da leitura dos seus posts.
"Foi e é a maior instituição do ativismo do Brasil", disse. "Possibilitou que muitos ateus saíssem do armário."
Firmino lamentou o fato de a Atea não ter mais uma página com tanta influência, concentrando-se, atualmente, no ativismo jurídico.
Ainda assim, o professor acredita que o movimento ateísta brasileiro continua atuante, por intermédio da internet. Há canais no Youtube, sites, livros — muita gente está produzindo conteúdo com temáticas do ateísmo, diz.
Para ele, há espaço para a militância das diversas correntes do ateísmo, com viés mais filosófico, por exemplo, e não só, portanto, na linha do barão d'Holbach/Atea, de uma postura mais de combate às religiões.
O fato novo neste começo do século 21, segundo ele, é que a militância ateísta mudou de paradigma. "O ateísmo hoje em dia ganhou uma capa científica, com argumentos extraídos da biologia, do darwinismo e da neurociência."
Outros temas foram discutidos na live no canal História e Ateísmo, de Ricardo Oliveira da Silva, como a origem da palavra ateu (com a conotação pejorativa que persiste até hoje), ensino religioso e presença de crucifixo em espaço público.
Objetivo da ciência não é tirar Deus de ninguém, afirma Gleiser
Comentários
Felicidade ler minha entrevista citada por aqui! Acompanho o trabalho do site a muito tempo.
Sucesso!
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