Pular para o conteúdo principal

CPI da Pandemia mostra roteiro de ataque à ciência como nunca houve no Brasil

> MARIA FERNANDA GUIMARÃES
jornalista

Sexta-feira não tem CPI. Pena! A CPI da Pandemia é hoje o melhor seriado de um streaming acidental: a TV Senado. Não é para menos: ela vem desvendando o maior ataque sistemático à Ciência em toda a história do Brasil independente cujo resultado trágico se traduz em 450 mil mortos.

Mistura de House of Cards, com BBB e plots médico-investigativos do Dr. House. De vez em quando entra um condecorado de mafiosos-milicianos se fingindo de herói, tipo Os Sopranos. Ora ou outra, mais insultos. Tem mais palavrão na política que Joias Brutas.

Aparecem também uns sabujos premiados, a velhíssima política do toma-lá-dá-cá, a defender o indefensável. Todos os homens do Presidente.

Tudo vai depender do relatório, da aprovação, do encaminhamento, mas ao menos do ponto de vista da informação, a CPI está abrindo uma Caixa de Pandora.

A CPI tem revelado fatos devastadores. A sistemática negação da Ciência e das vacinas e o desdém aos contatos insistentes de um fornecedor estratégico. Uma estapafúrdia defesa de cloroquina e ivermectina, por razões que ainda precisam ser profundamente apuradas pela CPI.

A humilhação pública do subordinado, o ministro da Saúde, qualquer um dos quatro: O Diabo Veste Prada.

No meio da pandemia-pandemônio, policiais se travestem de polícia, investigador, promotor, advogado, juiz e carrasco. Morrem 27 na favela de Jacarezino, Rio. O espaço fica para as milícias. Afora é filme: Tropa de Elite 2.

O desemprego, o subemprego, a precarização das relações de trabalho "bico" chamado cruelmente de empreendedorismo. 14 milhões de desempregados + 28,5 milhões de pessoas. Resultado: 42,5 milhões de brasileiros não têm perspectiva sobre amanhã.

Não se trata de um amanhã retórico. No dizer das pessoas: "é vender o almoço pra comer a janta".

Uma inflação absurda. Um pacote de arroz: 20 reais, 1 kg de feião: R$ 5 a R$ 7 dependendo da classe. Botijão de gás de 13 kg: R$ 120 a R$ 150, de acordo com a cidade. Gasolina, remédios, frutas, verduras, ovos, leite, laticínios, pão, macarrão e derivados de trigo: tudo pela hora da morte. Nem em maratona de Explicando a gente consegue digerir.

E coroando diversos fatos corroborados por dois testemunhos na CPI: alterar as indicações de um medicamento em bula, por razões políticas.

Falsificações? Essa não constou na lista de feitos do maior falsário da história: Frank Abagnale Jr. retratado em Prenda-me Se For Capaz.

A destruição irracional de uma política de Relações Internacionais que tem décadas de sucesso comprovado, uma história sólida. O Brasil sem ganhar nada em troca isolou-se de seus parceiros tradicionais, sendo agora alvo de esquecimento ou de vingança e das chacotas diárias na imprensa internacional. (Não acho nem uma série, nem um filme, nem novela, nada que se assemelhe a esse desastre sem precedentes.)

Com esse cenário político e diplomático, 716 mil empresas fecharam na pandemia. Mais de 40 multinacionais estão arrumando as malas e dando-nos adeus.

Spoiler: não haverá happy end de jeito nenhum. Estamos lamentando a morte de 450 mil brasileiros.

Elegeu-se a morte em 2018. Aliás, pulsão de morte jamais escondida. Morte por mentira, desídia, charlatanismo, incúria, negligência, frouxidão, interesses, desinformação e pura maldade.

Só esperamos que o resultado da CPI honre a memória de todos os compatriotas mortos. Leve o proselitismo religioso para o inferno, fortaleça um estado laico que nunca tivemos, traga esperança e vigor aos que sobreviverem.






Comentários

Anônimo disse…
Religião o ópio do povo.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Psicóloga defende Feliciano e afirma que monstro é a Xuxa

Marisa Lobo fez referência ao filme de Xuxa com garoto de 12 anos A “psicóloga cristã” Marisa Lobo (foto) gravou um vídeo [ver abaixo] de 2 minutos para defender o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da crítica da Xuxa segundo a qual ele é um “monstro” por propagar que a África é amaldiçoada e a Aids é uma “doença gay”. A apresentadora, em sua página no Facebook, pediu mobilização de seus fãs para que Feliciano seja destituído da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Câmara. Lobo disse que “monstro é quem faz filme pornô com criança de 12 anos”. Foi uma referência ao filme “Amor Estranho Amor”, lançado em 1982, no qual Xuxa faz o papel de uma prostituta. Há uma cena em que a personagem, nua, seduz um garoto, filho de outra mulher do bordel. A psicóloga evangélica disse ter ficado “a-pa-vo-ra-da” por ter visto nas redes sociais que Xuxa, uma personalidade, ter incitado ódio contra um pastor. Ela disse que as filhas (adolescentes) do pastor são fãs

Lúcia surta, pisoteia a Bíblia e mata filho com 15 facadas

Os policiais tiveram de arrombar a porta de apartamento no bairro do Jaguaré, zona Oeste de São Paulo, mas já era tarde. Quando entraram, viram Maria Lúcia Rufino, 43, dando facadas em seu filho de 19 anos, o estudante Leonardo Macedo Gadducci . A foto ao lado é uma reprodução de profile do rapaz no Orkut. Maria Lúcia estava em crise psicótica. Ou doida, como diziam os vizinhos na última terça (18). Já no começo da tarde, os vizinhos perceberam que ela estava estranha. Lúcia chamou as pessoas para orar, mas começou a falar do diabo, até que começou a pisotear a Bíblia. Chamaram uma ambulância, que não apareceu. Então a mulher disse que precisava matar um dos seus filhos três filhos, para um “bem maior”, conforme relata o G1. Um dos irmãos do Leonardo de 10 anos e outro, 13. Embora aparentemente em transe, a mulher parecia determinada. Alguém precisava fazer alguma coisa, porque uma tragédia estava para ocorrer. Chamaram a polícia e deixaram-na com os filhos. Os PMs primeir