Que Estado laico é esse?
A rigor, não haveria necessidade disso, porque a Constituição já diz que o Estado é laico, e nenhuma discussão pública pode mudar isso, mas a iniciativa do vereador, se ele efetuar, é válida porque colocará em discussão a fragilidade da laicidade brasileira.
São Carlos tem 250 mil habitantes e fica a 231 km de São Paulo. É cidade desenvolvida, universidade, do campus da USP e Ufscar. Se ali os religiosos se impõem à administração publica, é de se imaginar o que ocorre nos grotões do Brasil.
Nery anunciou que pretende ampliar a sua proposta, de modo a permitir não só a leitura da Bíblia como a de livros sagrados de religiões não cristãs e textos filosóficos e de reflexão.
Não consigo imaginar um vereador abrindo uma sessão com a leitura de um texto do candomblé ou de um texto fulminante do ateu Christopher Hitchens.
O bispo Malaspina não deixaria.
"Paulo Lopes Excelente texto! Aproveito para esclarecer que o nosso pedido de retirada do projeto da pauta foi negado, portanto ele foi a voto e rejeitado por 17 a 2. Isso quer dizer que ele não pode ser mais apresentado nessa legislatura (até 2024), só na próxima.
De qualquer forma, nossa perspectiva já era, após a consulta pública (que servirá para aprofundar o debate com a sociedade) apresentar uma proposta diferente da que foi votada (isso é permitido), indo pela inclusiva e não pela restritiva, como era o projeto original. E reforço aqui a certeza de que é isso que faremos, sem a menor sombra de dúvidas.
No mais, o bispo não tem que autorizar ou desautorizar nada. Cada vereador terá a oportunidade de votar novamente neste nosso outro projeto de resolução, e poderá defender suas posições e justificar seus votos.
PAULO LOPES, jornalista
O vereador Djalma Nery (PSOL), de São Carlos (SP), apresentou um projeto exemplar, estabelecendo que a Câmara Municipal substitua no início das sessões a leitura da Bíblia por trechos da Constituição e sejam retirados do plenário os símbolos religiosos. Exemplar porque pode encorajar vereadores de outras cidades a fazerem o mesmo.
Mas bastou uma conversa com o bispo auxiliar dom Eduardo Malaspina para que o vereador retirasse provisoriamente (segundo ele) o projeto de pauta, mesmo sabendo não haver na Câmara votos para aprová-lo.
Nery disse que não desistiu (será?) e que agora vai promover uma consulta pública, para a reapresentação do projeto.
O vereador Djalma Nery (PSOL), de São Carlos (SP), apresentou um projeto exemplar, estabelecendo que a Câmara Municipal substitua no início das sessões a leitura da Bíblia por trechos da Constituição e sejam retirados do plenário os símbolos religiosos. Exemplar porque pode encorajar vereadores de outras cidades a fazerem o mesmo.
Mas bastou uma conversa com o bispo auxiliar dom Eduardo Malaspina para que o vereador retirasse provisoriamente (segundo ele) o projeto de pauta, mesmo sabendo não haver na Câmara votos para aprová-lo.
Nery disse que não desistiu (será?) e que agora vai promover uma consulta pública, para a reapresentação do projeto.
A rigor, não haveria necessidade disso, porque a Constituição já diz que o Estado é laico, e nenhuma discussão pública pode mudar isso, mas a iniciativa do vereador, se ele efetuar, é válida porque colocará em discussão a fragilidade da laicidade brasileira.
São Carlos tem 250 mil habitantes e fica a 231 km de São Paulo. É cidade desenvolvida, universidade, do campus da USP e Ufscar. Se ali os religiosos se impõem à administração publica, é de se imaginar o que ocorre nos grotões do Brasil.
Nery anunciou que pretende ampliar a sua proposta, de modo a permitir não só a leitura da Bíblia como a de livros sagrados de religiões não cristãs e textos filosóficos e de reflexão.
Não consigo imaginar um vereador abrindo uma sessão com a leitura de um texto do candomblé ou de um texto fulminante do ateu Christopher Hitchens.
O bispo Malaspina não deixaria.
Pelo Youtube, o vereador Nery acrescentou novas informações, como segue:
De qualquer forma, nossa perspectiva já era, após a consulta pública (que servirá para aprofundar o debate com a sociedade) apresentar uma proposta diferente da que foi votada (isso é permitido), indo pela inclusiva e não pela restritiva, como era o projeto original. E reforço aqui a certeza de que é isso que faremos, sem a menor sombra de dúvidas.
No mais, o bispo não tem que autorizar ou desautorizar nada. Cada vereador terá a oportunidade de votar novamente neste nosso outro projeto de resolução, e poderá defender suas posições e justificar seus votos.
Nosso mandato não é pautado por igrejas, religiões ou lideranças eclesiais, pelo contrário. O movimento de solicitar a retirada era para manter a possibilidade de que esse projeto pudesse ser apresentado e para evitar um processo de votação cujo resultado já era conhecido, apostando no acúmulo de forças e na adequação do escopo para buscarmos a aprovação e consequentemente o avanço em nosso regimento interno."
Estado laico brasileiro foi criado em 1890, mas ele ainda é frágil
> Com informação e foto do Facebook.
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