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SC comemora 200 anos de Fritz Müller, colaborador de Darwin

Alemão radicado no Brasil, o naturalista é citado por Darwin no livro da "Teoria da Evolução"


FUNDAÇÃO CATARINENSE DE CULTURA
assessoria de comunicação


O Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC), no Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis, recebe a partir desta semana a exposição “200 anos de Fritz Müller — Príncipe dos Observadores", em comemoração ao bicentenário de nascimento de Fritz Müller. A abertura será realizada na quinta-feira,31, às 20h, e a mostra ficará em cartaz até 30 de julho de 2022.

Fritz Müller nasceu em Windischholzhausen (Alemanha), em 31 de março de 1822 e morreu em Blumenau no dia 21 de maio de 1897. 

Para homenageá-lo, foi elaborada uma exposição atemporal que une arte, história, patrimônio e ciência, provocando reflexões a respeito do passado, presente e futuro a partir de obras de artistas convidados e acervos particulares e institucionais.

O artista convidado, Luiz Bernardes, apresenta painéis concebidos por ele constituídos por imagens e textos que revelam a história e o legado do naturalista, botânico e professor de matemática e ciências naturais.

Fritz Müller foi pioneiro no apoio factual à teoria da evolução, de Charles Darwin, com a publicação de seu livro “Für Darwin”(Para Darwin), em 1864, sendo este trabalho considerado um marco da ciência universal, uma vez que traz o resultado das pesquisas desenvolvidas pelo cientista durante sua passagem por Desterro (hoje Florianópolis).

Luiz Bernardes apresenta, ainda, esculturas produzidas em materiais diversos, como aço inox, resina, madeira e bambu, com os quais procura recriar a flora e fauna constitutivas do universo de interesse do cientista teuto-brasileiro.

Outra artista convidada a integrar a exposição, Yara Guasche, traz a instalação “Entre vidros” em que atualiza e problematiza a pesquisa feita por Fritz Muller no território nacional.

Tirando partido da estrutura do mobiliário das vitrines expositivas e do próprio museu, Yara trata estes como objetos para sua instalação. Para isto, a artista apresenta múltiplos arquivos que revelam modos distintos de capturar um mesmo espécime, quer seja pela arte, pela ciência ou pelas instituições museológicas.

Müller (foto) era chamado
por Darwin como o 'Príncipe
dos Observadores'

Além dos trabalhos desses artistas convidados, a exposição conta, ainda, com objetos, vestuários, documentos, pinturas e publicações pertencentes a acervos particulares de Ylmar Corrêa, José Alfredo (Dé) Beirão e Roberto Schindler e acervos institucionais do Museu da Família Colonial, Biblioteca Pública de Santa Catarina, Arquivo Público de Santa Catarina e do próprio Museu Histórico de Santa Catarina. A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) é um dos órgãos parceiros na realização da mostra.

A exposição “200 anos de Fritz Müller — Príncipe dos Observadores” possibilitará ao público visitante uma experiência inusitada envolvendo história, arte, cultura, patrimônio e educação. Poderá ser vivenciada e servir como experiência, bem como material didático, de pesquisas e de estudos por trazer, para o tempo real e presente, uma consistente biografia de Fritz Müller e seu legado, em múltiplas abordagens e materiais.

Quem foi


Em 31 de março de 2022, data da abertura da mostra, comemoram-se os 200 anos do “Príncipe dos Observadores”, assim batizado por Charles Darwin. 

Nascido na Alemanha, chegou ao Brasil em 1852, com 30 anos. Doutor em filosofia e com Curso de Medicina, deixou a colônia de Blumenau, em 1856, para dar aulas no Liceu Provincial, em Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis). Foi na capital, durante 11 anos analisando crustáceos e outros seres marinhos, que desenvolveu estudos que contribuíram para a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin.

Empiricamente, entre uma aula e outra, a partir de 1857 — quando ganhou um microscópio — Fritz aproveitou para colher espécies fundamentais para suas observações. Em 1861, recebeu uma carta de seu irmão com um exemplar do livro "A Origem das Espécies". Encantado com os estudos, decidiu contribuir com Darwin na comprovação da teoria evolucionista. Em 1864, ele publicou um pequeno livro chamado “Für Darwin” (Para Darwin, em português).

A publicação sobre os crustáceos, então, chegou às mãos de Charles Darwin depois da metade da década de 1860 e ele pediu a tradução para o inglês. A partir de então, Müller e Darwin começaram uma amizade pen pal que duraria 17 anos com a troca de mais de 70 cartas em que compartilharam trabalhos, fatos curiosos e questionamentos em envelopes que levavam desde desenhos, até insetos e plantas das mais diferentes espécies.

Em Desterro, Fritz efetuava suas coletas principalmente na Praia de Fora, hoje aterrada pela Av. Beira Mar Norte. O resultado de seus estudos fez com que fosse citado 17 vezes na reedição da obra de Darwin. Não à toa, é carinhosamente chamado pelo britânico de “príncipe dos observadores” — alcunha gravada em uma praça, ao lado de uma estátua em sua homenagem, às margens da Rua São Paulo, na região central de Blumenau.

Em 1867, retornou ao Vale do Itajaí, a Blumenau, onde viveu na dupla condição de colono e cientista, dedicando-se aos estudos sobre o Rio Itajaí-Açu, sua vegetação e, em especial, orquídeas e bromélias, sua grande paixão.

Convidado pelo diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro a ocupar o cargo de Naturalista Viajante, exerceu a atividade por 15 anos. Eleito Membro Honorário da Entomological Society de Londres, exerceu cargos de Juiz de Paz e de superintendente, em Blumenau. Apesar de todas as dificuldades, Fritz Muller sempre priorizou a Educação.

Criou uma cartilha, tratando da flora e da fauna catarinenses, em verso e prosa, ilustrada com desenhos seus. Desde pequenas, suas filhas o acompanhavam nas primeiras pesquisas e observações, tal como fizeram ele, seus irmãos e primos na Alemanha.

Fritz Müller não foi seduzido por apenas uma área de estudos, ou uma espécie em particular, ele pesquisou e descreveu seres marinhos, de água doce e terrestres, dedicou-se a animais e plantas, como orquídeas, bromélias e trepadeiras, estudou a interação entre seres vivos e seu ambiente, sendo um precursor da ecologia.

> Com informação dos organizadores da exposição “200 anos de Fritz Müller – Príncipe dos Observadores”.






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