Eu achava que o bolsonarismo fosse diminuir, mas cresceu
PAULO LOPES / opinião
jornalista
A expressiva vitória da ex-ministra Damares Alves para o Senado, como representante de Brasília, é um atestado do vigor do bolsonarismo, mais do que seria se a também bolsonarista Flávia Arruda tivesse ganhado — ela ficou em segundo lugar.
Com candidatura bancada por Michelle Bolsonaro, Damares é sinônimo de fanatismo religioso, negacionismo científico e fake news.
Com o fortalecimento do bolsonarismo, é possível prever que os atentados ao Estado laico vão continuar, com igrejas tentando tirar proveito dos cofres públicos, mesmo que Lula consiga se eleger no segundo turno.
Concordo com comentaristas segundo os quais a falta de uma terceira via fez com que eleitores de direita e do centro-direta votassem no bolsonarismo, inflando a extrema direita.
A culpa disso se deve aos partidos que inviabilizaram a candidatura de João Dória e a de Sérgio Moro, que em tese seriam competitivos porque tirariam votos de Bolsonaro.
A ascensão de Simone Tebet nas pesquisas é prova de que a terceira via poderia fazer diferença nas eleições. Se o nome dela tivesse sido lançado mais cedo e com mais verba de campanha, ela poderia pesar na balança contra Bolsonaro.
É o que se espera agora, no segundo turno, porque Tebet manifestará seu apoio a Lula. Nesta reta final, qualquer percentual de votos, por menor que seja, pode fazer a diferença.
Ciro Gomes foi superado pela candidata do MDB, embora fosse o único a apresentar um plano de governo, com o qual ele não conseguiu sensibilizar os eleitores.
Estando de início à esquerda de Lula, Ciro, durante a campanha, caminhou para a direita do petista. Ele nunca digeriu a negativa do PT de apoiá-lo em 2018. Candidato pela quarta vez à presidência, ele se perdeu em seus próprios gestos e palavreado da explicação do seu plano de governo.
O saldo positivo é que a democracia brasileira permaneceu intacta, mesmo com a pregação de golpe por Bolsonaro, cujo partido foi um dos vencedores das eleições — eis um paradoxo.
E por estarmos em uma democracia, a luta continua: os progressistas vão ter de manter o foco em reduzir a expressão do bolsonarismo. Votei em Ciro e agora voto em Lula.
Com informação do grupo Paulopes no WhastApp e de outras fontes.
Ao acordar hoje, fiquei surpreso com os resultados das eleições: o bolsonarismo se fortaleceu e, consequentemente, também a extrema direita.
O PL, partido do Bolsonaro, elegeu 99 deputados e será a maior bancada. Isso significa maior dificuldade para a aprovação de pautas progressistas, em questões comportamentais, principalmente.
Li alguns comentaristas políticos e os ouvi na TV, e eles pareciam tão surpresos como eu.
Ninguém diz "eu avisei" ou afirma que já esperava, e as explicações são variadas, com o reconhecimento do que ficou agora óbvio: os brasileiros — ou uma significativa parte deles — são mais conservadores do que parecia, ao menos de uma perspectiva mais à esquerda, como a minha.
Admito que estava equivocado ao achar que as eleições pudessem empurrar o bolsonarismo para fora dos holofotes. Tratava-se, agora percebo, mais de uma torcida minha do que uma análise fria e isenta.
No grupo do WhastApp deste site, há também comentários de espanto.
Deivid, por exemplo, diz não entender por que "muita gente culta e inteligente é adepta do bolsonarismo", mesmo já tendo sido expostas "as mazelas" da família do presidente".
Luciano emenda: "Não é à toa que no eleitorado dele [Bolsonaro] há muitos negacionistas da ciência e história".
A religião nunca esteve tão presente em eleições como nestas e é possível afirmar que os pastores mais conservadores se saíram vitoriosos, o que, para mim, é um grande retrocesso cuja extensão e profundidade vão depender do jogo político no parlamento.
O centrão, a bancada dos fisiológicos, permanecerá intacta e estará, portanto, disponível para a negociação de seu apoio, como sempre. Não há dúvida de que, ganhe Lula ou Bolsonaro, esse expressivo grupo de parlamentares continuará se mantendo como "sócios" do governo de plantão.
O PL, partido do Bolsonaro, elegeu 99 deputados e será a maior bancada. Isso significa maior dificuldade para a aprovação de pautas progressistas, em questões comportamentais, principalmente.
Li alguns comentaristas políticos e os ouvi na TV, e eles pareciam tão surpresos como eu.
Ninguém diz "eu avisei" ou afirma que já esperava, e as explicações são variadas, com o reconhecimento do que ficou agora óbvio: os brasileiros — ou uma significativa parte deles — são mais conservadores do que parecia, ao menos de uma perspectiva mais à esquerda, como a minha.
Admito que estava equivocado ao achar que as eleições pudessem empurrar o bolsonarismo para fora dos holofotes. Tratava-se, agora percebo, mais de uma torcida minha do que uma análise fria e isenta.
No grupo do WhastApp deste site, há também comentários de espanto.
Deivid, por exemplo, diz não entender por que "muita gente culta e inteligente é adepta do bolsonarismo", mesmo já tendo sido expostas "as mazelas" da família do presidente".
Luciano emenda: "Não é à toa que no eleitorado dele [Bolsonaro] há muitos negacionistas da ciência e história".
A religião nunca esteve tão presente em eleições como nestas e é possível afirmar que os pastores mais conservadores se saíram vitoriosos, o que, para mim, é um grande retrocesso cuja extensão e profundidade vão depender do jogo político no parlamento.
O centrão, a bancada dos fisiológicos, permanecerá intacta e estará, portanto, disponível para a negociação de seu apoio, como sempre. Não há dúvida de que, ganhe Lula ou Bolsonaro, esse expressivo grupo de parlamentares continuará se mantendo como "sócios" do governo de plantão.
A expressiva vitória da ex-ministra Damares Alves para o Senado, como representante de Brasília, é um atestado do vigor do bolsonarismo, mais do que seria se a também bolsonarista Flávia Arruda tivesse ganhado — ela ficou em segundo lugar.
Com candidatura bancada por Michelle Bolsonaro, Damares é sinônimo de fanatismo religioso, negacionismo científico e fake news.
Com o fortalecimento do bolsonarismo, é possível prever que os atentados ao Estado laico vão continuar, com igrejas tentando tirar proveito dos cofres públicos, mesmo que Lula consiga se eleger no segundo turno.
Apesar das ameaças de golpe de Bolsonaro, democracia permanece intacta |
Concordo com comentaristas segundo os quais a falta de uma terceira via fez com que eleitores de direita e do centro-direta votassem no bolsonarismo, inflando a extrema direita.
A culpa disso se deve aos partidos que inviabilizaram a candidatura de João Dória e a de Sérgio Moro, que em tese seriam competitivos porque tirariam votos de Bolsonaro.
A ascensão de Simone Tebet nas pesquisas é prova de que a terceira via poderia fazer diferença nas eleições. Se o nome dela tivesse sido lançado mais cedo e com mais verba de campanha, ela poderia pesar na balança contra Bolsonaro.
É o que se espera agora, no segundo turno, porque Tebet manifestará seu apoio a Lula. Nesta reta final, qualquer percentual de votos, por menor que seja, pode fazer a diferença.
Ciro Gomes foi superado pela candidata do MDB, embora fosse o único a apresentar um plano de governo, com o qual ele não conseguiu sensibilizar os eleitores.
Estando de início à esquerda de Lula, Ciro, durante a campanha, caminhou para a direita do petista. Ele nunca digeriu a negativa do PT de apoiá-lo em 2018. Candidato pela quarta vez à presidência, ele se perdeu em seus próprios gestos e palavreado da explicação do seu plano de governo.
O saldo positivo é que a democracia brasileira permaneceu intacta, mesmo com a pregação de golpe por Bolsonaro, cujo partido foi um dos vencedores das eleições — eis um paradoxo.
E por estarmos em uma democracia, a luta continua: os progressistas vão ter de manter o foco em reduzir a expressão do bolsonarismo. Votei em Ciro e agora voto em Lula.
Com informação do grupo Paulopes no WhastApp e de outras fontes.
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