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Como vai evoluir a secularização dos EUA até 2070? Quatro possibilidades

Número de pessoas sem religião cresce nos Estados Unidos, seguindo tendência já verificada em países europeus

JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ ALVES / EcoDebate
demógrafo

Os Estados Unidos da América (EUA) estão entre os três países mais populosos do Planeta (depois da China e da Índia) e são o maior país cristão do mundo. De origem WASP (White, Anglo-Saxon and Protestant), os cristãos norte-americanos se dividem em três grandes ramos: protestantes tradicionais, protestantes pentecostais e católicos.

Em 1972, os cristãos eram 90% da população, os sem religião (ateus, agnósticos e “nenhuma religião em especial”) eram 5% e as outras religiões (judeus, muçulmanos, hindus, budistas, etc.) representavam 5% do total.

Mas em 2020, os cristãos tinham caído para 64% do total populacional e os sem religião subiram para 30% do total. 

Com base nestas tendências, o Instituto de Pesquisa PEW buscou modelar as tendências futuras considerando: se os cristãos continuarão deixando a religião na mesma taxa observada nos últimos anos? Se o ritmo da mudança religiosa continuará a acelerar? E se a mudança parar e o cenário atual ficará congelado?

Os gráficos abaixo mostram 4 cenários para a transição religiosa nos EUA até 2070, com os cristãos podendo variar de 54% a 35% e os sem religião variando entre 34% e 52%. As outras religiões ficando em torno de 12%.

Cenário 1

Mudança constante — os cristãos perderiam a maioria absoluta, mas ainda continuariam o maior grupo religioso dos EUA até 2070. Cada nova geração teria 31% das pessoas que eram criadas como cristãos se tornando religiosamente não afiliados até atingir 30 anos, enquanto 21% daqueles que cresceram sem religião tornando-se cristãos.

Cenário 2

Desfiliação crescente com limites — o grupo sem religião seria o maior grupo em 2070, mas não teria a maioria absoluta. Continuando um padrão recente, a saída do cristianismo torna-se mais comum entre os jovens americanos, pois cada geração vê uma parcela progressivamente maior de cristãos deixando a religião até os 30 anos.

Cenário 3

Desfiliação crescente sem limites — o grupo sem religião formaria uma pequena maioria (52%) em 2070 e os cristãos cairiam para 35%. Se o ritmo de mudança antes dos 30 anos acelerasse ao longo do período de projeção sem freios, os cristãos não seriam mais a maioria em 2045. Em 2055, os não afiliados (sem religião) comporiam o maior grupo (46%), à frente dos cristãos (43%).

Cenário 4

Sem migração entre os grupos — os cristãos manteriam sua maioria até 2070. Neste cenário, nenhuma pessoa na América mudaria de religião depois de 2020. Mas mesmo nessa situação hipotética, a composição religiosa da população dos EUA continuaria a mudar gradualmente, principalmente como resultado da dinâmica demográfica. Como os cristãos são mais velhos do que outros grupos, em média, e os sem religião (não afiliados) continuariam crescendo pois são mais jovens, com uma parcela maior de sua população em idade fértil.

Atualmente, os EUA são o país de alta renda com maior religiosidade. Mas as projeções do Pew Research Center indicam que o país pode estar seguindo o caminho percorrido nos últimos 50 anos por muitos países da Europa Ocidental que tinham esmagadora maioria cristã no meio do século 20, mas foram ultrapassados pelo grupo sem religião.

A perspectiva de maior secularização dos Estados Unidos pode ser uma boa notícia para colocar fim aos abusos e conflitos de alguns grupos religiosos na política e na democracia americana.


Esse texto foi publicado originalmente no EcoDebates com o título A transição religiosa e a secularização dos Estados Unidos de 2020 a 2070.

• Religião recua nos EUA 1 ponto percentual por ano desde 1990

• EUA caminham para secularização, e ateus e agnósticos já são 9%

• No Brasil, evangélicos vão superar católicos em 2028



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