O novo presidente referiu-se pouco à religião, e é assim que tem de ser em um Estado laico
PAULO LOPES
jornalista
No terceiro mandado de Lula, portanto, o deus de Bolsonaro e de pastores como Macedo. Malafaia, RR Soares e Valdomiro terá de respeitar a Constituição, porque a divindade não estará acima de tudo, como esteve nos últimos quatro anos.
No governo anterior, a intoxicação da política pela religião atingiu novos patamares, fundindo o conservadorismo cristão com a doutrina da extrema direta, um fanatismo político-cristão como nos Estados Unidos de Trump.
Bolsonaro beneficiou líderes evangélicos e igrejas, como a redução de dívidas à custa dos cofres públicos, e o acesso à máquina administrativa estatal, como o importante Ministério da Educação. E conseguiu emplacar um ministro "terrivelmente evangélico" no Supremo.
Em troca, na campanha das eleições de 2022, ele usou púlpitos como palanques, ao arrepio da lei. Nunca a laicidade de Estado foi tão aviltada.
O bolsonarismo perdeu pela diferença de apenas 1,8% dos votos e conseguiu se fortalecer no parlamento. O que significa que não será fácil ao governo Lula manter uma distância razoável entre Igreja e Estado. Ele conseguirá? Resistirá ao assédio de pastores?
jornalista
No seu primeiro dia como presidente, Lula falou pouco sobre religião, mas o suficiente para eu ter a expectativa de que o deus dos pastores de extrema direita terá de se submeter à Constituição.
O novo presidente lembrou no Parlamento que o Brasil é laico ao dizer que "todos poderão exercer sua religiosidade" e que, portanto, "a fé pode estar presente em todas as moradas". Ou seja, ele destacou que o lugar da fé é no espaço privado de cada um, e não na esfera pública.
O novo presidente lembrou no Parlamento que o Brasil é laico ao dizer que "todos poderão exercer sua religiosidade" e que, portanto, "a fé pode estar presente em todas as moradas". Ou seja, ele destacou que o lugar da fé é no espaço privado de cada um, e não na esfera pública.
Ressalto, também, que Lula disse que "todas" as religiões merecem respeito, ficando subentendido que haverá (espero) punição à intolerância de lideranças evangélicas com as religiões de matriz africana.
Janja e Lula no primeiro dia do novo governo |
No terceiro mandado de Lula, portanto, o deus de Bolsonaro e de pastores como Macedo. Malafaia, RR Soares e Valdomiro terá de respeitar a Constituição, porque a divindade não estará acima de tudo, como esteve nos últimos quatro anos.
No governo anterior, a intoxicação da política pela religião atingiu novos patamares, fundindo o conservadorismo cristão com a doutrina da extrema direta, um fanatismo político-cristão como nos Estados Unidos de Trump.
Bolsonaro beneficiou líderes evangélicos e igrejas, como a redução de dívidas à custa dos cofres públicos, e o acesso à máquina administrativa estatal, como o importante Ministério da Educação. E conseguiu emplacar um ministro "terrivelmente evangélico" no Supremo.
Em troca, na campanha das eleições de 2022, ele usou púlpitos como palanques, ao arrepio da lei. Nunca a laicidade de Estado foi tão aviltada.
O bolsonarismo perdeu pela diferença de apenas 1,8% dos votos e conseguiu se fortalecer no parlamento. O que significa que não será fácil ao governo Lula manter uma distância razoável entre Igreja e Estado. Ele conseguirá? Resistirá ao assédio de pastores?
> Com informação de discurso de Lula
• Deus de Jair Bolsonaro é o do Velho Testamento, o cruel, o genocida
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