Pesquisa analisou ondas sísmicas de terremotos nas últimas seis décadas e propôs que variação de velocidade do núcleo da Terra indica a existência de um sistema dinâmico integrado
DENIS PACHECO | Jornal da USP
jornalista
Pesquisadores da Universidade de Pequim, na China, sugeriram que o núcleo interno da Terra parou de girar mais rápido que a superfície do planeta e agora pode estar girando mais devagar do que ela, segundo artigo publicado no periódico Nature Geoscience.
De acordo com Ricardo Trindade, professor do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a pesquisa, publicada no final de janeiro, atestou, parcialmente, fatos já conhecidos na área das Geociências.
A novidade do estudo, que analisou ondas sísmicas de terremotos repetidos nas últimas seis décadas, foi apontar que o núcleo interno começou a girar um pouco mais rápido que o resto do planeta no início dos anos 1970, mas estava desacelerando antes de entrar em sincronia com a rotação da Terra por volta de 2009.
DENIS PACHECO | Jornal da USP
jornalista
Pesquisadores da Universidade de Pequim, na China, sugeriram que o núcleo interno da Terra parou de girar mais rápido que a superfície do planeta e agora pode estar girando mais devagar do que ela, segundo artigo publicado no periódico Nature Geoscience.
De acordo com Ricardo Trindade, professor do Departamento de Geofísica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a pesquisa, publicada no final de janeiro, atestou, parcialmente, fatos já conhecidos na área das Geociências.
“Sabemos que a Terra tem essencialmente quatro grandes camadas, um núcleo interno que é rígido, um núcleo externo que é líquido e de composição metálica, além de duas camadas de rocha, um manto e outra, superficial, que é a crosta terrestre”, explica ele.
“Sabemos também, há muito tempo, que a velocidade angular dessa camada rochosa externa difere da velocidade angular da camada metálica mais interna”.
Mudança no giro do núcleo afeta campo gravitacional |
A novidade do estudo, que analisou ondas sísmicas de terremotos repetidos nas últimas seis décadas, foi apontar que o núcleo interno começou a girar um pouco mais rápido que o resto do planeta no início dos anos 1970, mas estava desacelerando antes de entrar em sincronia com a rotação da Terra por volta de 2009.
No trabalho, pesquisadores chineses também sugeriram que o núcleo interno gira, em relação à superfície da Terra, para frente e para trás, como um balanço em um ciclo de oscilação que dura cerca de sete décadas.
No entanto, quando o assunto envolve geologia, o período analisado pelos chineses é considerado “muito curto” para ser efetivamente conclusivo.
No entanto, quando o assunto envolve geologia, o período analisado pelos chineses é considerado “muito curto” para ser efetivamente conclusivo.
“O que eles tentaram foi mostrar que, além de identificar essa variação da velocidade, existe também uma periodicidade nesse processo. Mas será que a gente consegue comprovar isso com essa quantidade de dados dentro dessa janela tão curta de tempo?”, questiona o especialista.
Apesar das dúvidas, os pesquisadores chineses esperam que o novo trabalho motive outros cientistas a construir diferentes modelos que tratem a Terra como um “sistema dinâmico integrado”.
Apesar das dúvidas, os pesquisadores chineses esperam que o novo trabalho motive outros cientistas a construir diferentes modelos que tratem a Terra como um “sistema dinâmico integrado”.
“Como eles registraram no artigo, o sistema da Terra, desde a superfície até a parte mais interna, funciona como um organismo integrado em que uma camada interfere na outra de várias formas”, explica o professor.
Por fim, os cientistas afirmam que a “tendência negativa” do movimento do núcleo não é definitiva e a próxima mudança ocorreria em meados da década de 2040. E, embora as implicações possam parecer pequenas para os habitantes da superfície, o professor reforça o quão relevante é compreender melhor o movimento no interior do nosso planeta.
“Uma das consequências mais interessantes do trabalho é com relação a certos aspectos da Terra que enxergamos na superfície.” Além de influenciar a duração do dia no nosso planeta, o movimento diferencial desse sistema também afeta a ação gravitacional e gera o campo magnético terrestre, que “nos protege das radiações nocivas que vêm de fora do planeta”, conclui.
> Com informação de Nature Geoscience.
• Estudo mostra novas evidências da colisão de Theia com a Terra
Por fim, os cientistas afirmam que a “tendência negativa” do movimento do núcleo não é definitiva e a próxima mudança ocorreria em meados da década de 2040. E, embora as implicações possam parecer pequenas para os habitantes da superfície, o professor reforça o quão relevante é compreender melhor o movimento no interior do nosso planeta.
“Uma das consequências mais interessantes do trabalho é com relação a certos aspectos da Terra que enxergamos na superfície.” Além de influenciar a duração do dia no nosso planeta, o movimento diferencial desse sistema também afeta a ação gravitacional e gera o campo magnético terrestre, que “nos protege das radiações nocivas que vêm de fora do planeta”, conclui.
> Com informação de Nature Geoscience.
• Estudo mostra novas evidências da colisão de Theia com a Terra
• Inclinação da Terra no passado provocou ressecamento no Nordeste
• Sagan escreve sobre um 'pálido ponto azul' nos cosmos, a Terra
Comentários
Postar um comentário