Pular para o conteúdo principal

Carro voador brasileiro passa nos testes do túnel de vento

Subsidiária da Embraer, a Eve Air Mobility planeja iniciar a venda do eVTOL em 2026

Representação artística
do eVTOL futurista da
Eve sobre São Paulo



YURI VASCONCELOS
jornalista
Revista FAPESP

A startup Eve Air Mobility, subsidiária da fabricante brasileira Embraer com foco no ecossistema de mobilidade urbana aérea, deu um importante passo para tirar do papel seu futurista eVTOL, acrônimo em inglês para veículos elétricos que decolam e pousam na vertical. 

A empresa anunciou a conclusão dos testes em túnel de vento de seu carro voador. Os ensaios foram conduzidos em uma instalação próxima à cidade de Lucerna, na Suíça.

“O teste em túnel de vento é uma importante ferramenta de engenharia no desenvolvimento de uma aeronave. Permite que a equipe monitore o fluxo de ar em torno do eVTOL e de cada uma de suas partes individualmente”, informou a Eve em comunicado à imprensa. Túneis de vento são utilizados para simular os efeitos do ar sobre protótipos de aviões, automóveis, pás eólicas, pontes, entre outros dispositivos e estruturas.

No caso específico da Eve, o teste serviu para medir as forças aerodinâmicas que atuam sobre a aeronave em desenvolvimento, permitindo que os projetistas avaliem sua sustentação, eficiência, qualidade de voo e desempenho. Um modelo em tamanho natural do eVTOL foi usado durante os testes, informou a companhia.

“A realização desses ensaios é um passo importante para refinar o projeto de uma aeronave. Só se faz esse tipo de teste quando há um protótipo em estado avançado”, avalia o engenheiro mecânico com ênfase em aeronáutica William Roberto Wolf, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (FEM-Unicamp). “As informações coletadas são repassadas ao time de engenharia para que possa aprimorar o projeto.”

O principal objetivo do teste realizado na Suíça, de acordo com a Eve, foi investigar e validar o desempenho de diversos componentes do eVTOL (fuselagem, rotores, asas, cauda) durante o voo. “Esse ensaio proporciona uma visão única do comportamento da complexa geometria [do eVTOL] e oferece uma validação de alto nível das características do design”, anunciou a empresa.

Os testes em túnel de vento, segundo especialistas, são considerados uma etapa essencial para a obtenção das certificações do aparelho com as autoridades regulatórias e uma sinalização para o mercado do status do projeto.

Concluída essa etapa do desenvolvimento, a Eve espera finalizar ainda no primeiro semestre deste ano a escolha dos principais fornecedores de partes e equipamentos. No segundo semestre deve ser iniciada a construção do primeiro protótipo em escala real. Testes adicionais estão previstos para 2024 e 2025. A empresa planeja iniciar a operação comercial de seu eVTOL em 2026.

Desafios a serem superados

Depois de passar alguns anos abrigada na incubadora de tecnologias disruptivas Embraer X, a Eve foi criada em 2020 pela fabricante brasileira de aviões para atuar no mercado de mobilidade urbana aérea, segmento que tem cada vez mais atraído a atenção da indústria aeronáutica e automotiva. Airbus, Google, Uber e Toyota têm projetos de eVTOL em andamento.

O conceito do eVTOL brasileiro foi apresentado pela Embraer em 2018. Em julho de 2020, seus engenheiros realizaram o primeiro voo em um simulador, aparelho que recria em ambiente virtual aeronaves em voo, usado principalmente para o treinamento de pilotos.

“Há uma corrida no mundo entre os desenvolvedores de eVTOL, mas não se sabe quem exatamente está na frente”, diz Wolf. Segundo o engenheiro, vários desafios ainda precisam ser superados para que essas aeronaves comecem a operar, entre eles o estabelecimento de um eficiente sistema de gestão de tráfego aéreo.

Sediada em Melbourne, na Flórida (EUA), a Eve contabiliza até o momento quase 2,8 mil intenções de compra de sua aeronave, segundo a agência de notícias Reuters. A companhia aérea norte-americana United Airlines é uma das principais apoiadoras do projeto.

Voos autônomos

O eVTOL da Eve será 100% elétrico, terá um alcance (distância percorrida sem precisar abastecer) de 100 quilômetros e está projetado para transportar quatro passageiros.

Deverá operar como uma espécie de táxi voador, fazendo deslocamentos no perímetro urbano ou pequenas viagens entre cidades próximas. Em um primeiro momento, o eVTOL será conduzido por um piloto, mas a expectativa da empresa é de que no futuro faça voos autônomos com passageiros, sem a presença de uma pessoa na cabine de comando.

As companhias aéreas brasileiras estão investindo no mercado de carros voadores elétricos. Em 2021, a Gol divulgou um protocolo de intenção de compra de 250 eVTOL do modelo VA-X4 da empresa britânica Vertical Aerospace. No mesmo ano, a Azul revelou planos de obtenção de 220 aparelhos da companhia alemã Lilium. Em ambos os casos, a expectativa, na ocasião, era de entrada em operação em 2025.

Com informação da Eve Air Mobility

• Informação, tecnologia e ciência ampliam nosso tempo e espaço

• Nova tecnologia de edição genética vai corrigir 89% dos erros nos DNA

• Descoberta de brasileiro de anel em Quaoar força revisão em modelo solar



Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê