A Espanha é mais um país europeu onde essa pseudociência entrou em declínio graças a defensores do método científico com princípio básico para a saúde pública
Enquanto no Brasil a homeopatia continua prestigiada por médicos e pacientes — inclusive com o incentivo de dinheiro público, via SUS —, a reputação dessa pseudociência encontra-se em queda livre em países europeus, com França, Inglaterra, Alemanha e, mais recentemente, a Espanha.
O jornal espanhol El País resume o que ocorre lá em um texto cujo título é "O declínio da homeopatia, o 'remédio' que não cura nada".
O subtítulo do texto assinado por Pablo Linde é "Graças aos esforços de ativistas científicos, essa pseudociência, cuja eficácia nunca foi comprovada, está perdendo espaço".
Segue a tradução do espanhol para o português de parte do texto.
Nos mais de 200 anos que se passaram desde sua invenção, ninguém foi capaz de provar que a homeopatia é realmente capaz de curar qualquer coisa com seus supostos medicamentos sem ingredientes ativos. No entanto, sua reputação mudou muito nesse tempo. Foi financiado por serviços públicos de saúde em países como a França — embora tenha parado em 2021.
O jornal espanhol El País resume o que ocorre lá em um texto cujo título é "O declínio da homeopatia, o 'remédio' que não cura nada".
O subtítulo do texto assinado por Pablo Linde é "Graças aos esforços de ativistas científicos, essa pseudociência, cuja eficácia nunca foi comprovada, está perdendo espaço".
Texto do El País confirma a agonia da homeopatia |
Segue a tradução do espanhol para o português de parte do texto.
Nos mais de 200 anos que se passaram desde sua invenção, ninguém foi capaz de provar que a homeopatia é realmente capaz de curar qualquer coisa com seus supostos medicamentos sem ingredientes ativos. No entanto, sua reputação mudou muito nesse tempo. Foi financiado por serviços públicos de saúde em países como a França — embora tenha parado em 2021.
No início deste século, seu uso era crescente entre aqueles que buscavam medicinas alternativas, mas anos de ativismo científico contra essa pseudociência, bem como como uma regulamentação um pouco mais rígida, contribuíram para uma queda nas vendas.
Para entender esse fenômeno, o EL PAÍS procurou alguns de seus principais promotores, como a farmacêutica Boiron, líder do setor; a Associação Espanhola de Farmacêuticos Homeopatas e a Sociedade Espanhola de Médicos Homeopatas. Na ausência de resposta dos três, as explicações são dadas por especialistas mais críticos da disciplina.
Para entender esse fenômeno, o EL PAÍS procurou alguns de seus principais promotores, como a farmacêutica Boiron, líder do setor; a Associação Espanhola de Farmacêuticos Homeopatas e a Sociedade Espanhola de Médicos Homeopatas. Na ausência de resposta dos três, as explicações são dadas por especialistas mais críticos da disciplina.
Em geral, remonta ao início da década passada. Um movimento cético com crescente proeminência trabalhou para denunciar que o princípio em que se baseia a homeopatia não só não tinha cabeça nem rabo, como nunca produziu nenhuma evidência sólida de melhorar qualquer coisa. Isso se refletiu em um editorial intitulado O fim da homeopatia , publicado na revista The Lancet em 2005, que sugeria que a sociedade deveria parar de perder tempo e dinheiro tentando provar a eficácia de uma terapia que não conseguia fazer isso há dois séculos.
“Quanto mais diluídas se tornam as evidências a favor da homeopatia, maior parece ser sua popularidade”, afirmou ironicamente o editorial.
Os autores se referiam aos próprios fundamentos dessa pseudociência, que postula que o que produz sintomas de algo pode curá-lo se for altamente diluído em água. O que nunca foi comprovado (exceto, de certa forma, para alergias).
Além disso, as preparações dos 'remédios' homeopáticos são tão diluídas que equivalem a jogar uma gota de uma substância em todos os oceanos do planeta. Simplesmente não há vestígios de ingredientes ativos em medicamentos homeopáticos.
Muitas pessoas que costumavam consumir homeopatia nem sabiam que era assim. Fernando Frías, um dos ativistas que trabalharam para minar o prestígio remanescente da disciplina, lembra que as pessoas não acreditaram quando souberam que compostos com Muro de Berlim diluído foram vendidos para superar os sentimentos de opressão e ansiedade.
Na verdade, isso foi comercializado sob a premissa de que “semelhante cura semelhante”: se o Muro de Berlim oprimia, um pedaço dele diluído em água deveria remediar. “Muitos tinham a impressão de que era apenas uma terapia natural e que estávamos inventando coisas para atacá-la”, diz Frías.
Ele e outros divulgadores participaram de "suicídios" homeopáticos, que consistiam em ingerir supostos sedativos em enormes quantidades sem sofrer nenhum efeito.
Apesar de tudo, a venda de remédios homeopáticos é generalizada. Eles podem ser encontrados em farmácias, lojas de produtos naturais e varejistas online. A lei permite. Muito se tem discutido sobre como regulamentar uma suposta droga cujo único efeito é, na verdade, o efeito placebo.
[...]
Em seus mais de dois séculos de história, não é a primeira vez que a homeopatia perde espaço. Ainda assim, adverte Frías, não se pode descartar que em algum momento surja algo que o torne moda novamente. “Veja o exemplo dos chemtrails [os rastros de condensação deixados por aviões que alguns teóricos da conspiração acreditam ser uma forma de envenenar a população pelo ar]. Parecia que ninguém lembrava mais deles, mas agora eles voltaram”, conta.
Frías cita o astrofísico e divulgador Javier Armentia, que afirma que as crenças são como um patinho de borracha: por mais que afundem, sempre ressurgem. “Principalmente se houver dinheiro para trás”, acrescenta.
Os autores se referiam aos próprios fundamentos dessa pseudociência, que postula que o que produz sintomas de algo pode curá-lo se for altamente diluído em água. O que nunca foi comprovado (exceto, de certa forma, para alergias).
Além disso, as preparações dos 'remédios' homeopáticos são tão diluídas que equivalem a jogar uma gota de uma substância em todos os oceanos do planeta. Simplesmente não há vestígios de ingredientes ativos em medicamentos homeopáticos.
Muitas pessoas que costumavam consumir homeopatia nem sabiam que era assim. Fernando Frías, um dos ativistas que trabalharam para minar o prestígio remanescente da disciplina, lembra que as pessoas não acreditaram quando souberam que compostos com Muro de Berlim diluído foram vendidos para superar os sentimentos de opressão e ansiedade.
Na verdade, isso foi comercializado sob a premissa de que “semelhante cura semelhante”: se o Muro de Berlim oprimia, um pedaço dele diluído em água deveria remediar. “Muitos tinham a impressão de que era apenas uma terapia natural e que estávamos inventando coisas para atacá-la”, diz Frías.
Ele e outros divulgadores participaram de "suicídios" homeopáticos, que consistiam em ingerir supostos sedativos em enormes quantidades sem sofrer nenhum efeito.
Apesar de tudo, a venda de remédios homeopáticos é generalizada. Eles podem ser encontrados em farmácias, lojas de produtos naturais e varejistas online. A lei permite. Muito se tem discutido sobre como regulamentar uma suposta droga cujo único efeito é, na verdade, o efeito placebo.
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Em seus mais de dois séculos de história, não é a primeira vez que a homeopatia perde espaço. Ainda assim, adverte Frías, não se pode descartar que em algum momento surja algo que o torne moda novamente. “Veja o exemplo dos chemtrails [os rastros de condensação deixados por aviões que alguns teóricos da conspiração acreditam ser uma forma de envenenar a população pelo ar]. Parecia que ninguém lembrava mais deles, mas agora eles voltaram”, conta.
Frías cita o astrofísico e divulgador Javier Armentia, que afirma que as crenças são como um patinho de borracha: por mais que afundem, sempre ressurgem. “Principalmente se houver dinheiro para trás”, acrescenta.
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