Aplicação do laser modulou inflamação e ampliou irrigação sanguínea dos tecidos da orelha interna, reduzindo o zumbido; uso do tratamento, de forma complementar, depende da condição do paciente
Em experimentos realizados com pacientes voluntários, a aplicação do laser na orelha interna modulou a inflamação e ampliou a irrigação sanguínea dos tecidos, reduzindo o zumbido.
A pesquisa foi realizada no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof), sediado no IFSC, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
> Com arte de Carolina Borin Garcia.
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JÚLIO BERNARDES
jornalista
Jornal da USP
A terapia com laser pode ser mais uma alternativa para tratar o zumbido do ouvido, aponta pesquisa do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, com participação do Tyndall National Institute, na Irlanda.
Os resultados do trabalho sugerem que a laserterapia atuaria como um tratamento complementar ou alternativo, pois como o zumbido é desencadeado por múltiplos fatores, não possui uma terapia específica, variando conforme a condição do paciente.
As conclusões do estudo são detalhadas em artigo publicado na edição de março da revista científica Journal of Personalized Medicine. O zumbido é um problema no labirinto (orelha interna) que pode ser causado por diversos fatores, como insuficiência da circulação sanguínea originada por embolia, hemorragia, diabetes mellitus, hipertensão arterial e distúrbios musculares.
As causas do zumbido são várias, e o laser é mais uma alternativa de tratamento |
“Atualmente, ele é tratado com medicamentos e aparelhos que recobrem as superfícies de mastigação dos dentes para relaxamento muscular e de ligamentos”, declara ao Jornal da USP o pesquisador do IFSC, Vitor Hugo Panhóca, um dos autores do trabalho.
Participaram do estudo 100 voluntários, divididos em subgrupos, onde cada um deles recebeu, durante oito sessões, um tratamento específico: flunarizina (medicamento indicado para zumbido), ginkgo biloba (fitoterápico indicado para o mesmo fim), laser conjugado com ultrassom, com vacuoterapia e combinado com acupuntura (laserpuntura).
“O laser é usado para aplicar luz no ouvido interno do paciente com efeito de modulação inflamatória e aumento de irrigação periférica dos tecidos do órgão e ao seu redor, de maneira a eliminar o sintoma”, explica o pesquisador.
Múltiplas causas
“O zumbido é a percepção consciente de um som nos ouvidos e na cabeça na ausência de uma fonte sonora externa. É uma situação de hipersensibilidade das vias auditivas que pode ser desencadeada por diversos fatores e, por essa razão, há uma dificuldade de estabelecer um tratamento padronizado”, afirma ao Jornal da USP o médico otorrinolaringologista Ítalo de Medeiros, diretor técnico de serviço do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
“Entre os tratamentos existentes, há as terapias sonoras, com uso de aparelhos, e a terapia cognitiva comportamental (TCC). Quando há outros problemas de saúde associados, medicamentos podem ser usados.”
O médico aponta que a terapia com laser é mais um instrumento para tratar o zumbido. “A resposta ao tratamento depende da condição de cada paciente. Por exemplo, em casos associados a depressão podem ser usados medicamentos antidepressivos; quando a causa está ligada aos músculos, há possibilidade de usar um relaxante muscular; a gingko biloba é um fitoterápico usado para melhorar a circulação, porém apresenta efeitos colaterais, como sangramentos”, diz.
“No caso do laser, é possível que pacientes com mais dores e processos inflamatórios respondam melhor ao tratamento, por isso há a necessidade de realizar estudos com um número maior de participantes, para saber quais pacientes serão mais beneficiados.”
A pesquisa foi realizada no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof), sediado no IFSC, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
> Com arte de Carolina Borin Garcia.
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