Mensagem ao vereador Gustavo Pozzi, de São Carlos, cidade do interior paulista
PAULO LOPES
Se você, Pozzi, tivesse feito a lição de casa (teve preguiça?), se tivesse lido os referidos autos do Ministério Público e pesquisado no Google, se tivesse dado alguns cliques no mouse do seu computador, não passaria pelo vexame de ter chamado de "anônimo" alguém que tem nome, sobrenome e endereço.
Você é católico praticante, é membro da Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Redenção e é professor em uma escola vinculado à Diocese de São Carlos. Uma curiosidade: nesses locais você pratica a sua oratória rasteira ou é só na Câmara?
Talvez você seja um católico de fachada, daqueles que frequentam locais religiosos só para obter votos nas eleições. Um lobo disfarçado que circula entre ovelhas para mamar nas tetas delas.
O fato de você ser professor de Filosofia e Ética fez aumentar a minha vergonha alheia porque, me perguntei, como é possível um conhecedor do pensamento filosófico, alguém supostamente esclarecido, usar uma retórica tão baixa e pobre de argumentação? Como é possível um professor de ética demonstrar tanta estupidez? Cadê a sua filosofia, Pozzi? Cadê a sua ética?
Outra coisa, Pozzi. Você sabe ou como professor de filosofia deveria saber que um enunciado tem valor intrínseco, vale por si próprio, pela sua lógica e coerência, independentemente de quem seja o seu autor.
Então, Pozzi, não importa quem tenha recorrido ao Ministério Público contra a teocracia do regimento da Câmara. Não importa se João ou Paulo, se José ou Eduardo ou mesmo se um anônimo. O que vale é a justeza do anunciado. No caso, quem diz é, a rigor, a Constituição. Isso não basta para você? Vai xingar a Constituição de covarde? Vai acusá-la de "atacar" as palavras de Deus? Não seja ridículo.
Você não entendeu nada, Pozzi. Não se trata de afrontar as palavras de Deus, porque, para quem não acredita em divindades, como o Banks, não há quem "atacar".
A questão é o respeito ao Estado laico, previsto no artigo 19 da Constituição, inciso I: "É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (I) - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público (…)".
Vereador, continue lendo a Bíblia, mas na sua casa, na sua Igreja, onde quiser, e não use um estabelecimento público como templo religioso, seja sensato. E, repito, tenha a hombridade de pedir desculpas ao Banks.
> Este site garante espaço ao vereador Gustavo Pozzi para ele manifestar seu ponto de vista.
PAULO LOPES
jornalista
Vereador Gustavo Pozzi: como imagino que tenha hombridade, mas admito que posso estar enganado, espero que, do plenário, você peça desculpas ao jornalista Eduardo Banks. Ele é o autor da representação ao Ministério Público que levou o Tribunal de Justiça a decretar inconstitucional o trecho do regimento da Câmara Municipal de São Carlos que determinava a leitura de um trecho bíblico no início de cada sessão, além da exposição no local de um exemplar das escrituras cristãs.
Na sessão da Câmara de 27 de junho, você, Pozzi, disse que o autor da representação é um anônimo, uma pessoa que não teve a "coragem" de mostrar a "cara". Pior: o chamou de "covarde".
Pozzi, você é muito mal informado. O nome de Banks aparece na folha 10 dos autos da Adin (Ação Direita de Inconstitucionalidade) que tramitou no TJ, e a "cara" dele está na internet.
Banks é militante do Estado laico. Ele tem acionado o Ministério Público em dezenas de casos para que se cumpra a separação entre Estado e Igreja. É cidadão de bem, um idealista. Luta por uma causa e não ganha dinheiro com isso. Portanto, vereador, ele merece ser tratado com um mínimo de civilidade por quem quer que seja.
Vereador Gustavo Pozzi: como imagino que tenha hombridade, mas admito que posso estar enganado, espero que, do plenário, você peça desculpas ao jornalista Eduardo Banks. Ele é o autor da representação ao Ministério Público que levou o Tribunal de Justiça a decretar inconstitucional o trecho do regimento da Câmara Municipal de São Carlos que determinava a leitura de um trecho bíblico no início de cada sessão, além da exposição no local de um exemplar das escrituras cristãs.
Na sessão da Câmara de 27 de junho, você, Pozzi, disse que o autor da representação é um anônimo, uma pessoa que não teve a "coragem" de mostrar a "cara". Pior: o chamou de "covarde".
Pozzi, você é muito mal informado. O nome de Banks aparece na folha 10 dos autos da Adin (Ação Direita de Inconstitucionalidade) que tramitou no TJ, e a "cara" dele está na internet.
Banks é militante do Estado laico. Ele tem acionado o Ministério Público em dezenas de casos para que se cumpra a separação entre Estado e Igreja. É cidadão de bem, um idealista. Luta por uma causa e não ganha dinheiro com isso. Portanto, vereador, ele merece ser tratado com um mínimo de civilidade por quem quer que seja.
Esta é a "cara" de Eduardo Banks. |
Se você, Pozzi, tivesse feito a lição de casa (teve preguiça?), se tivesse lido os referidos autos do Ministério Público e pesquisado no Google, se tivesse dado alguns cliques no mouse do seu computador, não passaria pelo vexame de ter chamado de "anônimo" alguém que tem nome, sobrenome e endereço.
Você é católico praticante, é membro da Paróquia Nossa Senhora Aparecida da Redenção e é professor em uma escola vinculado à Diocese de São Carlos. Uma curiosidade: nesses locais você pratica a sua oratória rasteira ou é só na Câmara?
Eu nasci em São Carlos e, se ainda aí morasse, jamais votaria em você para vereador ou para qualquer outro cargo. Já avisei parentes e amigos: "Não votem num tal de Pozzi, ele é leviano e inconsequente".
O fato de você ser professor de Filosofia e Ética fez aumentar a minha vergonha alheia porque, me perguntei, como é possível um conhecedor do pensamento filosófico, alguém supostamente esclarecido, usar uma retórica tão baixa e pobre de argumentação? Como é possível um professor de ética demonstrar tanta estupidez? Cadê a sua filosofia, Pozzi? Cadê a sua ética?
Outra coisa, Pozzi. Você sabe ou como professor de filosofia deveria saber que um enunciado tem valor intrínseco, vale por si próprio, pela sua lógica e coerência, independentemente de quem seja o seu autor.
Então, Pozzi, não importa quem tenha recorrido ao Ministério Público contra a teocracia do regimento da Câmara. Não importa se João ou Paulo, se José ou Eduardo ou mesmo se um anônimo. O que vale é a justeza do anunciado. No caso, quem diz é, a rigor, a Constituição. Isso não basta para você? Vai xingar a Constituição de covarde? Vai acusá-la de "atacar" as palavras de Deus? Não seja ridículo.
Você não entendeu nada, Pozzi. Não se trata de afrontar as palavras de Deus, porque, para quem não acredita em divindades, como o Banks, não há quem "atacar".
A questão é o respeito ao Estado laico, previsto no artigo 19 da Constituição, inciso I: "É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (I) - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público (…)".
Você faz ideia da importância do Estado laico? Pois eu lhe digo: sem laicidade de Estado não há democracia, que é um regime de governo que respeita todos os credos, sim, mas não privilegia nenhum deles. A laicidade impede que as religiões instrumentalizem a máquina pública para proveito próprio, como, aliás, já ocorre no Brasil.
Portanto, Pozzi, a Câmara Municipal ou qualquer outra instância de governo não pode professar uma religião, mesmo a hegemônica. E não se trata de uma perseguição aos cristãos porque não se pode ler a Bíblia e o mesmo vale para o Corão, o Talmude, livros da religião de matriz africana. Simples assim.
Vereador, continue lendo a Bíblia, mas na sua casa, na sua Igreja, onde quiser, e não use um estabelecimento público como templo religioso, seja sensato. E, repito, tenha a hombridade de pedir desculpas ao Banks.
> Este site garante espaço ao vereador Gustavo Pozzi para ele manifestar seu ponto de vista.
• Eduardo Banks se destaca como ativista em defesa do Estado laico
• Religiosos não suportam a igualdade do Estado laico, escreve Sottomaior
• Em Estado laico ninguém pode impor sua religião à sociedade
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