Pular para o conteúdo principal

Solidão aumenta quatro vezes a prevalência de depressão em idosos, mostra pesquisa

Oito mil participantes responderam à pergunta: “Com que frequência o(a) senhor(a) se sentiu sozinho(a) ou solitário(a): sempre, algumas vezes ou nunca?"


AGÊNCIA BORI

A depressão é quatro vezes mais comum entre idosos que relatam se sentirem sempre sozinhos – e o risco de desenvolver a doença dobra pelo simples fato de morar só. As informações são de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicada na sexta (21) na revista “Cadernos de Saúde Pública”, que aponta, ainda, que é mais provável que mulheres com mais de 80 anos que nunca frequentaram a escola se sintam frequentemente sozinhas ou solitárias.

A análise considerou as respostas de quase 8 mil participantes de 50 anos ou mais da primeira edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) de 2015-2016 para a pergunta “Com que frequência o(a) senhor(a) se sentiu sozinho(a) ou solitário(a): sempre, algumas vezes ou nunca?”. Enquanto 16,8% relataram sempre se sentir sozinhos, 31,7% dos respondentes indicaram sempre sentir solidão.

Os pesquisadores cruzaram esses dados com condições de saúde, como depressão, e indicadores sociodemográficos como nível de escolaridade, sexo, e de comportamento, como morar só e qualidade do sono.

Solitários apresentam
maior probabilidade de
terem doenças

Na solidão, o indivíduo sente que seus relacionamentos não são suficientes para satisfazer suas necessidades emocionais. Segundo os pesquisadores, a relação entre solidão e depressão já é bem documentada, com sentimentos comuns a ambos, a exemplo da percepção negativa das interações sociais e do senso antecipado de rejeição. Já a idade pode refletir experiências de vida como viuvez e aposentadoria. Segundo outras pesquisas, em mulheres, a maior expectativa de vida e a presença de doenças mentais associa-se à maior probabilidade de solidão.

“Os resultados do artigo permitem dizer que a solidão é um problema maior do que simplesmente uma experiência emocional. Esta variável tem uma relação com os determinantes sociais em saúde”, aponta Flávia Silva Arbex Borim, coautora do artigo. 

“Isso significa que, possivelmente, os adultos e idosos com maior probabilidade de se sentirem solitários são os com maior probabilidade de terem mais doenças e dependências, de terem mais dor e de vivenciarem mais estados emocionais negativos”, complementa a outra autora, Anita Liberalesso Neri.

O tema se torna ainda mais relevante ao considerar o cenário de envelhecimento da população brasileira. “Com os resultados pode-se pensar no planejamento e na implementação de intervenções que busquem prevenir a solidão nos indivíduos adultos, compreendida hoje como um problema de saúde pública”, sugere Borim.

Como próximos passos, as pesquisadoras ressaltam a importância de verificar a relação das variáveis com as mudanças na percepção de solidão ao longo do tempo. A influência da pandemia de Covid-19 também deve ser abordada. 

“Queremos saber se e por meio de quais variáveis ocorreram alterações nas condições de solidão e isolamento vividas antes e durante as experiências de lockdown associadas à pandemia do novo coronavírus”, afirma Neri.

> A Agência Bori é um serviço brasileiro de apoio à imprensa na cobertura de assuntos científicos.

• Quase metade dos idosos sofre de doenças crônicas, diz IBGE

• Em 2022, idosos representaram 10,5% da população, informa IBGE

• O desafio da terminologia da diversidade: como nomear idosos, negros, gays?

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê