Autor defende que não se pode dissociar o ateísmo da proposta de uma visão de mundo; a questão é polêmica
PAULO LOPES
jornalista, trabalhou na
Folha de S.Paulo, Diário Popular,
Abril e em outras publicações
O professor Ricardo Oliveira da Silva, de história, defende que o ateísmo vai além de não se acreditar em deuses, porque, a rigor, segundo ele, trata-se de uma proposta de organização da sociedade, sendo, portanto, um movimento político.
Em vídeo [ver abaixo] de seu canal no Youtube, o professor argumenta que na Grécia do século 5 antes da Era Comum eram designados como ateus aqueles que negavam as divindades protetoras das cidades- estados, então em consolidação, contestando dessa forma o conceito de pólis que estava se impondo.
O ateísmo, portanto, incorporava, já naquela época, a subversão de quem não aceita uma sociedade com valores religiosos, entre outros, propondo outra visão de mundo, bem distinta, e isso é política pura.
Os exemplos históricos que o professor apresenta, inclusive da Europa da Idade Moderna, pressupõem que o ateísmo é um movimento proativo e até revolucionário — o que levanta polêmicas.
Um exemplo: e se pessoa que não acredita em deus mas aceita a sociedade do jeito que é, ou, por outra, está conformada, por motivos que agora não vêm ao caso? Essa pessoa não é ateia?
Não, pela abordagem histórica de Silva. É uma discussão que pode render, até porque ateus alienados e conservadores não são raridades no Brasil, conforme ficou evidente no governo de extrema-direita de Bolsonaro. Como chamar esses ateus bolsonaristas, para um estudo sociológico, por exemplo? Ateus que verdadeiramente não são ateus?
Com livros como "O Ateísmo no Brasil", o professor Silva fundamenta e contextualiza o ateísmo brasileiro e levanta questões, como essa, desviando-se da abordagem redutora e frequente de que ser ateu é ser principalmente combatente das religiões instituídas. É um autor que merece ser lido com atenção.
Em vídeo [ver abaixo] de seu canal no Youtube, o professor argumenta que na Grécia do século 5 antes da Era Comum eram designados como ateus aqueles que negavam as divindades protetoras das cidades- estados, então em consolidação, contestando dessa forma o conceito de pólis que estava se impondo.
O ateísmo, portanto, incorporava, já naquela época, a subversão de quem não aceita uma sociedade com valores religiosos, entre outros, propondo outra visão de mundo, bem distinta, e isso é política pura.
Os exemplos históricos que o professor apresenta, inclusive da Europa da Idade Moderna, pressupõem que o ateísmo é um movimento proativo e até revolucionário — o que levanta polêmicas.
Um exemplo: e se pessoa que não acredita em deus mas aceita a sociedade do jeito que é, ou, por outra, está conformada, por motivos que agora não vêm ao caso? Essa pessoa não é ateia?
Não, pela abordagem histórica de Silva. É uma discussão que pode render, até porque ateus alienados e conservadores não são raridades no Brasil, conforme ficou evidente no governo de extrema-direita de Bolsonaro. Como chamar esses ateus bolsonaristas, para um estudo sociológico, por exemplo? Ateus que verdadeiramente não são ateus?
Com livros como "O Ateísmo no Brasil", o professor Silva fundamenta e contextualiza o ateísmo brasileiro e levanta questões, como essa, desviando-se da abordagem redutora e frequente de que ser ateu é ser principalmente combatente das religiões instituídas. É um autor que merece ser lido com atenção.
Comentários
Dos bolsonaristas, conservadores e afins, há quem é mau-caráter mesmo. Afinal, a maioria dos ateus sabem que Deus existe sim, mas sob a forma IDEOLÓGICA. Deus faz paralelo com Socialismo Capitalismo, Anarquismo... Existem ideologicamente, nada com "sobrenatural", nem "forças energéticas político-cósmicas" para colocar no rol esoterismo pseudocientífico para juntar com Deus (das religiões).
Urge a Secularização do mundo! Logicamente sem nacionalismos, ainda que sejam possíveis de haverem. A diferença que sem Deus e outros apelos ao sobrenatural, fica mais difícil sustentar outras ideologias.
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