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Padre afirma que Instituto Federal Catarinense forma 'ateus convictos' e leva jovens ao suicídio

Entidades de educação repudiaram as afirmações irresponsáveis do sacerdote do interior de Santa Catarina


O padre Mateus Réus dos Reis, de Sobrio (SC), criticou o IFC (Instituto Federal Catarinense) porque, segundo ele, os professores estão "propagando o ateísmo", e os jovens que ali estudam se tornam "ateus convictos". As pregações do padre contêm discriminações e intolerância religiosa.

Em uma homilia no dia 10 de setembro na Paróquia São João Paulo II, Reis afirmou que, para tirar Deus da vida de um jovem, basta matriculá-lo no IFC.

“Quantas famílias da nossa paróquia estão sofrendo? Os filhos eram coroinhas, catequistas, iam para as missas, mas foram pro Instituto Federal e viraram ateus.”

O padre não apresentou nenhuma prova de que professores do IFC estariam fazendo proselitismo ateísta.

Em nota, o IFC rejeitou as acusações do padre e o criticou pela irresponsabilidade de aventar que jovens estariam cometendo o suicido devido ao ateísmo. Parentes desses supostos suicidas poderão processar o padre pedindo reparação por dano moral.

O IFC foi criado em 2008 com a integração das escolas agrotécnicas de Concórdia, Rio do Sul e Sombrio e dos colégios agrícolas de Araquari e Camboriú.

O instituto possui 20 unidades em Santa Catarina, 6.100 alunos, 610 docentes e 50 cursos de graduação. Oferece curso técnicos de ensino médio e superior em ciências e tecnologia, como agrícola, agropecuária, agroecologia, eletromecânica, química, informática, edificações e matemática.

"Somos uma instituição que baseia todas as suas ações na disseminação do conhecimento e da educação", diz a nota instituto.

Ressaltando que o Estado é laico, a nota afirma que "é simples perceber que interferir sobre as escolhas religiosas de nossos estudantes não só não nos cabe, também não nos interessa, uma vez que elas nada têm a ver com nossa missão".

O SINTEFB (Sindicato dos Trabalhadores Federal da Educação Básica da Paraíba) emitiu nota de solidariedade ressaltando que a intolerância e o fundamentalismo não passarão".

Para o sindicato, houve um "ataque ao IFC e à liberdade de culto e de crenças, defendidas pelas instituições escolares, assim como, à laicidade da instituição escolar, a qual carrega o dever de formar a juventude com respeito a todas as diferenças".

O Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), seção Minas Gerais, afirma ser "lamentável que o padre Mateus tenha optado por difundir declarações que, além de infundadas, demonstram profundo preconceito e desinformação".

"Sugerir que o IFC, por meio de seus professores, esteja envolvido na promoção do ateísmo, afastando os jovens da religião e contribuindo para a desintegração das famílias e para o aumento do suicídio, além de ser uma fala irresponsável, se caracteriza como discurso de ódio."

Comentários

CBTF disse…
Provavelmente queria estudar lá, não conseguiu entrar e acabou virando padre, por isso o ódio a instituição.
CBTF, pode ser. E mesmo se entrasse, ficaria "denunciando" lá por não promoverem a religião, e mesmo assim a que ele professa, ou ao menos próxima.
A maioria dos religiosos tem medo da alta qualidade da Educação, em particular onde começa, a Básica. Vão acusar de antireligiosas, mas isso seria legítimo mesmo se o fisessem, pois o direito só se aplica a PESSOA religiosa, NUNCA a religião (sem "escolhas", se aplicam a todas), nem esoterismos, misticismos e outras fés. Mas nem é necesário isso. Basta expor FATOS HISTÓRICOS envolvidos. Assim como nas Ciências não se limitar apenas e propagar as ciências, e sim o Método Científico, Ceticismo e Racionalismo que são a base etc. Filosofia... Mas mesmo sendo feito desse jeito, vão acusar de serem "antireligiosos".
O Ceticimo, que deveria ser a base educacional, é perigoso. Muito perigoso não apenas às religiões, as pseudociêncis e afins. Mas TAMBÉM ao stablishment, ao status quo. Ao PODER. Por isso a forte oposição, por isso não o vemos na Imprensa também. Ou quando há, é o "ceticismo" das conveniências.
Carl Sagan até escreveu a respeito do "Ônus do Ceticismo".

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