Pular para o conteúdo principal

USP desenvolve simulador ultrarrealista de cirurgia craniana

Modelo usa impressão tridimensional com materiais de diferentes texturas associado à realidade para treinamento ultrarrealista


IVAN CONTERNO
jornalista
Jornal da USP

Pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, na Divisão de Neurocirurgia, criaram uma simulação ultrarrealista para melhorar as habilidades dos médicos em cirurgias do crânio. 

O projeto proporciona aos neurocirurgiões a oportunidade de praticar, aprender e planejar cirurgias complexas de forma segura e realista.

O doutorando Rodrigo Pongeluppi tomou como base a cirurgia para a remoção do schwannoma vestibular, um tumor que afeta o equilíbrio e a audição à medida que cresce na base craniana. 

Na maioria dos casos, esse tumor não é canceroso e não se espalha para outras partes do corpo. No entanto, devido aos sintomas e à pressão que pode exercer sobre o cérebro, ele pode ser removido.

Por ser um tumor grande, cuja retirada ocorre através de um acesso estreito e profundo, a cirurgia é bastante delicada, como ele detalha ao Jornal da USP. 

“O acesso é feito próximo aos seios venosos. Existe um risco grande de sangramento, que aumenta o risco do procedimento, e o risco de lesão relacionado à secção do tumor, que fica no meio dos nervos cranianos.”


Em azul, o tumor benigno
schwannoma vestibular, que
pode pressionar o cérebro

FOTO: GALERIA MÉDICA DA
BLAUSEN MEDICIAL 2014


Para simular a operação, a inovação une um modelo de realidade virtual a um modelo realístico impresso tridimensionalmente em resinas, silicone e borrachas curadas de várias densidades que reproduzem diferentes tipos de tecidos. 

“O tumor, por exemplo, sangra e dentro do seio venoso colocamos um líquido azul, que simula sangue caso tivesse uma lesão”, conta Rodrigo Pongeluppi.

Segundo o professor Ricardo Santos de Oliveira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o aprendizado hoje depende da disponibilidade de cadáveres para estudo.

“Por uma série de razões, é cada vez mais difícil o treinamento cirúrgico em cadáveres no Brasil. Por isso, o desenvolvimento desses modelos de realidade virtual e ultrarrealistas eliminam essa questão relacionada ao material humano, e eles podem ser adaptados, reutilizados.”

O modelo virtual entra em sincronia com o modelo impresso, simulando desde a incisão da pele até a retirada do tumor. Assim, o cirurgião treina os mesmos passos que precisarão ser realizados para a retirada do tumor de verdade.

A nova abordagem pretende melhorar a formação de neurocirurgiões, fazendo com que os médicos aprendam mais rapidamente e tornando os procedimentos mais seguros. Assim que estiver totalmente desenvolvida, o conhecimento dos alunos na aplicação prática será avaliado em hospitais de ensino.

Pioneirismo

De acordo com o professor Ricardo de Oliveira, modelos como esse estarão cada vez mais presentes em serviços de treinamento. 

“O Brasil está na vanguarda desse tipo de tecnologia. Algumas empresas privadas aqui estão bastante avançadas no desenvolvimento de tecnologia da realidade aumentada, do modelo híbrido e no treinamento utilizando a tecnologia do metaverso.”

Etapas de uma cirurgia na
base do crânio de um boneco
de resina e borracha
FOTOS CEDITAS PELO PESQUISADOR

A utilização de simuladores na medicina não é uma novidade, mas o projeto é o primeiro a simular neurocirurgias da base do crânio posterior.

A neurocirurgia brasileira é altamente reconhecida internacionalmente. Em 2018, o HCFMRP realizou pela primeira vez a separação de duas gêmeas siamesas unidas pela cabeça.

“Nós utilizamos naquela ocasião modelos que podiam ser operados, em que pudéssemos treinar antes mesmo da realização da cirurgia”, lembra o professor.

O trabalho tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o objetivo em longo prazo é desenvolver laboratórios que consigam produzir modelos como esse. Dessa forma, eles poderão ser oferecidos aos hospitais públicos, onde há o maior número de pacientes e de serviços de treinamento.

> Mais informações: e-mails rodrigopongeluppi@gmail.com, com Rodrigo Pongeluppi, e rsoliveira@hcrp.usp.br, com Ricardo Santos de Oliveira.

• Crânio de 20 milhões de anos registra começo da evolução do cérebro


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Líder religioso confirma que atirador foi da Testemunhas de Jeová

O superintendente do Circuito Rio de Janeiro-07 da Testemunhas de Jeová, Antônio Marcos Oliveira, confirmou ao UOL que Wellington Menezes de Oliveira, o atirador do Realengo, frequentou um templo da religião na Zona Oeste da cidade. Casa do atirador tinha publicações da TJs O líder religioso procurou minimizar esse fato ao ressaltar que Wellington foi seguidor da crença apenas no início de sua adolescência. Ele não disse até que ano Wellington foi um devoto. Na casa do atirador, a polícia encontrou várias publicações editadas pela religião. (foto) Essa foi a primeira manifestação da TJs desde que Wellington invadiu no dia 7 de abril uma escola e matou 12 estudantes e ferindo outros. Oliveira fez as declarações em resposta a um ex-TJ (e suposto amigo do atirador) ouvido pelo UOL. Segundo esse ex-fiel, Wellington se manteve na religião até 2008. Por essa versão, Wellington, que estava com 23 anos, permaneceu na crença até os 20 anos. Ou seja, já era adulto, e não um pré-ad

Valdemiro pede 10% do salário que os fiéis gostariam de ter

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Jornalista defende liberdade de expressão de clérigo e skinhead

Título original: Uma questão de hombridade por Hélio Schwartsman para Folha "Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos"  Disputas eleitorais parecem roubar a hombridade dos candidatos. Se Fernando Haddad e José Serra fossem um pouco mais destemidos e não tivessem transformado a busca por munição contra o adversário em prioridade absoluta de suas campanhas, estariam ambos defendendo a necessidade do kit anti-homofobia, como aliás fizeram quando estavam longe dos holofotes sufragísticos, desempenhando funções executivas. Não é preciso ter o dom de ler pensamentos para concluir que, nessa matéria, ambos os candidatos e seus respectivos partidos têm posições muito mais próximas um do outro do que da do pastor Silas Malafaia ou qualquer outra liderança religiosa. Não digo isso por ter aderido à onda do politicamente correto. Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos. Acredito que clérigos e skinheads devem ser l

Maioria jamais será ateia nem fiel da Iurd, diz padre Marcelo

Para Rossi, Deus não reconhece casal de gays como família O jornal Correio da Manhã, de Portugal, perguntou ao padre Marcelo Rossi (foto): - O que o assustaria mais: um Brasil que deixasse de crer em Deus ou um Brasil crente em que a Iurd fosse maioritária? A resposta foi enfática: - Não acredito que isso possa acontecer. Nunca. O Brasil não vai deixar que isso aconteça. Rossi foi evasivo ao responder se está ou não preocupado com o avanço no Brasil dos evangélicos protestantes. “Há igrejas e igrejas”, disse. “Uma coisa são as igrejas tradicionais evangélicas e outra são as seitas.” O padre foi entrevistado por Leonardo Ralha a propósito do lançamento em Portugal do seu livro 'Ágape'. Ele disse ter ficado surpreso com das vendas do livro no Brasil – mais de sete milhões de exemplares, contra a expectativa dele de um milhão. Atribuiu o sucesso do livro à sua tentativa de mostrar às pessoas um resumo dos dez mandamentos: “amar a Deus sobre todas as

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump