Pular para o conteúdo principal

Assistir a filmes pode ajudar a processar emoções difíceis e melhorar a saúde mental

Embora a filmoterapia seja um instrumento novo para a psicologia, estudioso afirma que ela pode dar bons resultados 


JENNY HAMILTON
professor sênior em aconselhamento / 
terapias psicológicas e líder do Programa
de Aconselhamento de Mestrado, da 
Universidade de Lincoln, Reino Unido

The Conversation
plataforma de informação
e análise produzida por 
acadêmicos e jornalistas

Muitos de nós gostamos do que sentimos quando nos sentamos para assistir a um bom filme. Se for triste, pode nos ajudar a liberar emoções, enquanto uma comédia pode levantar nosso ânimo. Eles podem até nos oferecer a oportunidade de nos conectarmos com nossas emoções e explorá-las com segurança.

Este efeito justifica o crescente interesse na utilização de filmes como ferramenta terapêutica. Embora este campo ainda seja muito novo, a minha análise da investigação realizada até agora mostra que a filmoterapia pode ser eficaz para ajudar as pessoas a processar emoções difíceis e, como resultado, melhorar a saúde mental.

Sem ir mais longe, falar sobre o que acontece com os personagens dos filmes pode ser mais confortável do que falar diretamente sobre os problemas, pois permite um certo distanciamento emocional do que estamos vivenciando.

Os filmes também podem nos ajudar a aprender habilidades para a vida a partir de como os personagens enfrentam seus desafios.

Minha análise também revelou que a filmoterapia reduz o conflito entre pais e adolescentes, aumenta a empatia e o diálogo entre eles e os ajuda a melhorar as habilidades de comunicação. Além disso, foi demonstrado que o cinema pode ser utilizado como ferramenta para reduzir a ansiedade e até tornar a terapia mais atrativa.

Existem certos grupos de pessoas que podem se beneficiar especialmente com a filmoterapia. Entre eles, os jovens com autismo, que diante da tela grande conseguem identificar seus pontos fortes positivos e desenvolver resiliência.

O cinema também pode ajudar os pacientes psiquiátricos a expressar seus pensamentos e sentimentos. E outro estudo mostrou que assistir e comentar filmes de super-heróis permite que jovens com diagnóstico de esquizofrenia encontrem força e significado nas dificuldades que enfrentam.

Mas como a investigação neste campo apenas começou, será importante continuar a investigação para explorar como as pessoas se ligam aos filmes e quem beneficia mais deste tipo de terapia.

Cinema e conversas terapêuticas

Séculos atrás, Aristóteles observou que o público das tragédias gregas parecia passar por um processo benéfico de purgação emocional (ou catarse) por meio da empatia com os personagens.

O cinema e a televisão funcionam de forma semelhante, oferecendo um espaço seguro para sentir e expressar emoções sem experimentar implicações no mundo real.

O cinema combina imagens, histórias, metáforas e música, todos elementos que demonstraram ter benefícios terapêuticos. Filmes e televisão também são acessíveis e podem oferecer algo familiar e fácil de conversar como base para conversas terapêuticas.

Um bom filme pode ajudar
a processar emoções difíceis

FOTO: ZORAN ZEREMSKI / SHUTTERSTOCK

No entanto, embora a pesquisa mostre que a terapia com filmes pode ser benéfica, até agora houve pouca orientação sobre a melhor forma de usar o filme na terapia. Portanto, após revisão, desenvolvi o “método MOVIE”, que envolve engajamento consciente, observação de respostas, expressão da própria experiência, identificação de relevância pessoal e exploração de novas possibilidades.
Com qual personagem eu me identifico? Parece minha própria história?

O primeiro passo do método FILME é verificar conscientemente como nos sentimos e se é um bom dia para assistir ao filme que escolhemos. Ou seja, pense no efeito que assistir ao filme ou refletir sobre ele poderia ter.

Se decidirmos seguir em frente, é essencial estarmos conscientes dos nossos próprios pensamentos, sentimentos e respostas físicas enquanto assistimos. Afaste-se dos nossos sentimentos sem julgá-los, em vez de nos deixar levar por eles.

Depois de assistir ao filme, é uma boa ideia expressar ou nomear as emoções que sentimos, anotando-as se puder ser útil. É essencial ter curiosidade sobre nossos sentimentos e prestar atenção se percebemos fisicamente tensão ou relaxamento. Também existe a opção de pensar no que esse sentimento precisa (por exemplo, gentileza ou compreensão) e imaginar que o recebemos.

O próximo passo é identificar o que o filme significa para nós. Detectar com quem nos identificamos e como a jornada do personagem pode nos lembrar de nossos próprios desafios e conquistas. Embora os filmes possam oferecer informações sobre a vida de diferentes grupos e culturas, você quer ter certeza de pensar criticamente sobre como esses personagens ou temas são retratados. Desta forma evitamos reforçar estereótipos ou representações imprecisas.

Resumindo, podemos observar filmes e séries identificando como eles podem nos ajudar a explorar novas possibilidades e estratégias de crescimento. Pense em como os personagens resolveram os problemas e tudo o que podemos aprender com isso. Observe as ligações entre a história na ficção e a nossa história pessoal. Analise se mudaríamos a história ou escreveríamos uma sequência.

Resumindo, sente-se e assista a um filme com a intenção de aproveitar ao máximo a experiência. A aplicação de métodos de filmoterapia pode nos ajudar a aprender coisas novas sobre nós mesmos.

Ninguém pode usar a psicologia para endossar ideias religiosas

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Jornalista defende liberdade de expressão de clérigo e skinhead

Título original: Uma questão de hombridade por Hélio Schwartsman para Folha "Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos"  Disputas eleitorais parecem roubar a hombridade dos candidatos. Se Fernando Haddad e José Serra fossem um pouco mais destemidos e não tivessem transformado a busca por munição contra o adversário em prioridade absoluta de suas campanhas, estariam ambos defendendo a necessidade do kit anti-homofobia, como aliás fizeram quando estavam longe dos holofotes sufragísticos, desempenhando funções executivas. Não é preciso ter o dom de ler pensamentos para concluir que, nessa matéria, ambos os candidatos e seus respectivos partidos têm posições muito mais próximas um do outro do que da do pastor Silas Malafaia ou qualquer outra liderança religiosa. Não digo isso por ter aderido à onda do politicamente correto. Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos. Acredito que clérigos e skinheads devem ser l

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa