Humanista e visionário, ele antecipou o desenvolvimento da tecnologia, com a do computador
José María Lavín de la Cavada
diretor de mestrado da Universidade de Comunicação Social e Cultural da Universidade Internacional de Valência, Espanha
The Conversation
Da divulgação científica ao estudo religioso, com seus guias sobre o Antigo e o Novo Testamento, [embora fosse ateu] passando por seus livros de história, Asimov foi um dos autores mais prolíficos do século XX e um dos pais do que se chamou de cultura popular.
Apesar dessa facilidade em trabalhar em diferentes gêneros literários, Asimov é um dos nomes mais brilhantes da galáxia dos escritores de ficção científica, ao lado de Arthur C. Clarke, Phillip K. Dick e Ray Bradbury, entre outros.
A sua capacidade de temperar o imaginado com o real, aliada a uma comunicação escrita que prima pela limpeza, honestidade e simplicidade, distingue-o de outros autores do gênero.
Esse humanismo o levou a propor como os robôs deveriam se relacionar com os seres humanos, e ele criou suas conhecidas três Leis da Robótica, descritas no conto Círculo Vicioso (1948). Essas leis tiveram uma influência notável na criação da ficção científica, mas também na ciência, e estão incluídas nos fundamentos do desenvolvimento da inteligência artificial.
Como visionário, Asimov só poderia ser comparado a Júlio Verne. Entre outras previsões do futuro, Asimov anunciou a criação do computador e detalhou seu funcionamento quinze anos antes de cientistas da Universidade da Pensilvânia apresentarem o [ENIAC], o primeiro eletrônico cérebro na história.
Também inesquecível é Andrew Martin, o robô que se torna humano em O Homem Bicentenário (1978). Inspirado em Pinóquio (1883), de Carlo Collodi, em seu Homem Bicentenário, Asimov transforma uma máquina em humano.
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Ele mesmo escolheu sua data de nascimento. Um bom começo na vida de um imortal da ficção científica como Isaac Asimov. Ele nasceu em Petrovichi, uma pequena aldeia russa, e quando ele veio ao mundo ninguém tomou nota, nenhum registro foi feito. Ele nasceu entre 4 de outubro de 1919 e 2 de janeiro de 1920. Foi ele mesmo quem escolheu esta última data como seu aniversário. Oficialmente, em 2 de janeiro de 1920, nasceu Isaac Asimov.
Romancista, cientista, divulgador cultural... Russo de nascimento, mas verdadeiro nova-iorquino do Brooklyn, Asimov criou mundos e jornadas dos quais nunca participou. Ele deu vida a robôs e civilizações sem sair da costa leste dos Estados Unidos, onde trabalhou como professor de bioquímica em diversas universidades.
Romancista, cientista, divulgador cultural... Russo de nascimento, mas verdadeiro nova-iorquino do Brooklyn, Asimov criou mundos e jornadas dos quais nunca participou. Ele deu vida a robôs e civilizações sem sair da costa leste dos Estados Unidos, onde trabalhou como professor de bioquímica em diversas universidades.
Escreveu guias para a Bíblia
Começou a escrever ficção científica em 1939, aos 19 anos, e continuou ao longo da vida, embora já estivesse ampliando muito seu repertório, abordando muito mais gêneros do que a fantasia científica.Da divulgação científica ao estudo religioso, com seus guias sobre o Antigo e o Novo Testamento, [embora fosse ateu] passando por seus livros de história, Asimov foi um dos autores mais prolíficos do século XX e um dos pais do que se chamou de cultura popular.
Mural de Isaac Asimov em Santiago de Chile FOTO: MUSEU DE ARTE CALLEIERO |
Apesar dessa facilidade em trabalhar em diferentes gêneros literários, Asimov é um dos nomes mais brilhantes da galáxia dos escritores de ficção científica, ao lado de Arthur C. Clarke, Phillip K. Dick e Ray Bradbury, entre outros.
A morte de um império galáctico
Em sua obra mais famosa, a série Fundações — composta por “Fundação” (1951), “Fundação e Império” (1952) e “Segunda Fundação” (1953), posteriormente ampliada em outros quatro livros e diversas histórias —, Asimov colocou estatísticas, robótica, psicologia e astronomia em seu caldeirão de poções mágicas para nos contar a história de um Império Galáctico que estava morrendo, inspirado no Império Romano.A sua capacidade de temperar o imaginado com o real, aliada a uma comunicação escrita que prima pela limpeza, honestidade e simplicidade, distingue-o de outros autores do gênero.
Ficção para falar sobre o ser humano
Asimov usou a ciência para falar da humanidade, do ser humano. A ficção científica sempre foi um caminho e não um fim. Não estava em seu espírito nos sobrecarregar com explicações confusas, mas mostrar como os seres humanos do futuro eram movidos pelas mesmas paixões e vicissitudes que os do presente.Esse humanismo o levou a propor como os robôs deveriam se relacionar com os seres humanos, e ele criou suas conhecidas três Leis da Robótica, descritas no conto Círculo Vicioso (1948). Essas leis tiveram uma influência notável na criação da ficção científica, mas também na ciência, e estão incluídas nos fundamentos do desenvolvimento da inteligência artificial.
Como visionário, Asimov só poderia ser comparado a Júlio Verne. Entre outras previsões do futuro, Asimov anunciou a criação do computador e detalhou seu funcionamento quinze anos antes de cientistas da Universidade da Pensilvânia apresentarem o [ENIAC], o primeiro eletrônico cérebro na história.
Personagens inesquecíveis
Uma de suas personagens mais famosas e bem-sucedidas é uma mulher, Dra. Susan Calvin, a primeira psicóloga robótica da história da humanidade. Dr. Calvin, com Hari Seldon, estrelam a primeira parte da saga da Fundação.Também inesquecível é Andrew Martin, o robô que se torna humano em O Homem Bicentenário (1978). Inspirado em Pinóquio (1883), de Carlo Collodi, em seu Homem Bicentenário, Asimov transforma uma máquina em humano.
As criações de Asimov são totalmente atuais em adaptações para séries e filmes. O Homem Bicentenário (1999, Chris Columbus) e Voyage Aucinante (1966, Richard Fleischer) tiveram grande sucesso, e o mesmo aconteceu com I, Robot (2004, Alex Proyas) e com a série Fundación (2021). Embora nestes dois últimos casos as licenças obtidas com as obras originais tenham sido enormes.
Isaac Asimov morreu de AIDS em 1992. Ele contraiu o vírus em uma transfusão de sangue dada para uma cirurgia cardiovascular. Naquela época a família decidiu não contar, mas foi incluído na biografia póstuma do autor.
O legado de Isaac Asimov permanece vivo em seus escritos, que continuam a inspirar gerações de leitores e cientistas. A sua capacidade de antecipar os desenvolvimentos tecnológicos e sociais, a sua habilidade na divulgação científica e a sua influência na ética da inteligência artificial fazem dele uma figura imortal na intersecção da ciência e da imaginação.
Isaac Asimov morreu de AIDS em 1992. Ele contraiu o vírus em uma transfusão de sangue dada para uma cirurgia cardiovascular. Naquela época a família decidiu não contar, mas foi incluído na biografia póstuma do autor.
O legado de Isaac Asimov permanece vivo em seus escritos, que continuam a inspirar gerações de leitores e cientistas. A sua capacidade de antecipar os desenvolvimentos tecnológicos e sociais, a sua habilidade na divulgação científica e a sua influência na ética da inteligência artificial fazem dele uma figura imortal na intersecção da ciência e da imaginação.
> Esse texto foi escrito originalmente em espanhol.
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