Pelos dados do Censo de 2022, há um abismo social no Brasil conforme a região e cor e idade das pessoas
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Dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 90,9% da população brasileira conta com serviços de coleta de lixo, 96,9% têm acesso à água potável e 75,7% vivem em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
Coleta de lixo abrange 90% da população FOTO: TÂNIA RÊGO / AGÊNCIA BRASIL |
Embora todas as categorias apresentem melhorias em relação ao Censo 2010, os dados revelam um abismo social entre brasileiros conforme a região em que vivem, a cor da pele e a idade que têm.
De acordo com o Censo 2022, as pessoas de cor ou raça amarela, seguidas das de cor ou raça branca, tiveram as maiores proporções de conexão a redes de serviços de saneamento básico e maior índice de presença de instalações sanitárias nos domicílios. As de cor ou raça preta, parda e indígena tiveram proporções menores.
“Esse panorama está ligado à distribuição regional dos grupos, com presença maior da população de cor município ou raça preta, parda e indígena no Norte e Nordeste, regiões com menor infraestrutura de saneamento”, explica o analista do IBGE Bruno Perez.
“Em todos os 20 brasileiros mais populosos, a população de cor ou raça branca tem mais acesso ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo do que a população de cor ou raça preta, parda e indígena.”
Outra clara diferença está na idade. Em 2022, as faixas etárias mais jovens tiveram maior incidência de situação de precariedade no acesso ao saneamento básico. Por exemplo: na população entre 0 e 4 anos, 3,4% residiam em domicílios sem canalização de água — no grupo com 60 anos ou mais, essa proporção era de 1,9%.
Sem esgoto
A proporção de domicílios com acesso à rede de coleta de esgoto no Brasil chegou a 62,5% em 2022, quase 10 pontos percentuais a mais que em 2010 (52,8%) e 18 a mais que em 2000 (44,4%).De acordo com o levantamento, as duas soluções de esgotamento sanitário mais comuns no Brasil são por rede geral ou pluvial (58,3%) e fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede (13,2%), solução individual considerada adequada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). Além disso, fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede representa 4,2%.
Apesar do aumento, 49 milhões de pessoas, ou seja, 24,3% da população, vivem em 16,4 milhões de domicílios com recursos precários de esgotamento sanitário.
“Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois exige uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à distribuição de água e à coleta de lixo”, explica Perez.
Para 19,4% da população, a “fossa rudimentar ou buraco” ainda é uma forma de esgotamento sanitário. Além disso, 2% têm esgotamento diretamente no rio, lago, córrego ou mar, 1,5% por vala e 0,7% por outras formas.
A região Sudeste é a que apresenta a maior parcela da população morando em domicílios com coleta de esgoto: 86,2%. No sentido oposto está a região Norte, onde são apenas 22,8%. Entre as unidades da federação, os destaques no lado positivo e no negativo foram, respectivamente, São Paulo (90,8%) e Amapá (11,0%).
Quanto menor a cidade, menor o acesso à rede de esgoto: nos municípios com até 5 mil habitantes, apenas 28,6% deles vivem em domicílios com coleta de esgoto. Esse número sobe gradualmente, até atingir 83,4% nos municípios com mais de 500 mil habitantes. O mesmo ocorre com a coleta de lixo: quanto maior a cidade, mais difundida e acessível ela é.
Uma pesquisa mostra que 82,5% dos brasileiros possuem resíduos sólidos produzidos diretamente no domicílio por serviços de limpeza e 8,4% depositam o lixo em caçamba, para ser coletado pelas equipes.
Em 2000, a proporção era de 76,4% e, em 2010, de 85,8% em 2010. São Paulo é o estado com maior cobertura de coleta de lixo, 99%, e o Maranhão, com a menor (69,8%).
Entre os 9,1% que não têm acesso à coleta, 7,9% recorrem à queima dos resíduos em sua propriedade, 0,3% enterram o lixo, 0,6% jogam em terrenos baldios ou áreas públicas e 0,3% dar outro destino.
Água a quase todos os brasileiros
Em todo o Brasil, 96,9% das pessoas têm acesso à água para consumo: 82,9% são abastecidas por redes gerais de distribuição, 9% por poços profundos ou artesianos, 3,2% por poços rasos ou cacimbas e 1, 9% por fontes, nascentes ou minas — todas as modalidades previstas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.De acordo com o Censo 2010, 81,5% das pessoas tinham acesso ao abastecimento pela rede geral — em 2022, já eram 86,6%, mas 3,7% recorriam principalmente a outras fontes.
Além das quatro fontes convenientes, outras modalidades de acesso à água são: carro-pipa (1,1%), água da chuva armazenada (0,6%), rios, açudes, córregos, lagos e igarapés (0,9%) e outras (0,6%).
Apesar da baixa relevância nacional, o abastecimento por carro-pipa é a principal forma de acesso à água potável em 68 municípios do país, todos eles no Nordeste.
Grande maioria vive em casas
As casas são o principal tipo de residência no Brasil: 84,8% dos brasileiros vivem nesse tipo de moradia. Em segundo lugar, aparecem os apartamentos (12,5%), seguidos por casas em vilas ou em condomínios (2,4%).
Outros tipos de residência registrados são casas de dormitórios ou cortiços (0,2%), habitação indígena sem parede/malocas (0,03%) e estruturas residenciais permanentes degradadas ou inacabadas (0,04%).
Entre as unidades da federação, a maior proporção de pessoas morando em apartamentos é no Distrito Federal (28,7%), enquanto o Piauí tem a maior parcela de moradores morando em casas (95,6%).
O Censo também mostra que 97,8% da população brasileira vive em domicílios com ao menos um banheiro (cômodo com vaso sanitário e instalações para banho) de uso exclusivo dos moradores e hóspedes. Em 2010, esse índice era de 92,3%.
> Com informação do IBGE.
O Censo também mostra que 97,8% da população brasileira vive em domicílios com ao menos um banheiro (cômodo com vaso sanitário e instalações para banho) de uso exclusivo dos moradores e hóspedes. Em 2010, esse índice era de 92,3%.
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