O primeiro caso conhecido de infecção ocorreu em 2017, quando um turista passou mal após comer um Tucunaré
Agência Bori
Pesquisadores registraram, pela primeira vez no Brasil, um caso de meningite eosinofílica causada por parasita do gênero Gnathostoma, que ataca o sistema nervoso central do corpo humano.
O episódio está associado à ingestão de peixe cru da espécie tucunaré e foi descrito por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e outras instituições em artigo científico publicado na segunda na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”.
A ingestão de larvas de Gnathostoma encontradas em peixe cru é a segunda causa mais frequente de meningite eosinofílica no mundo.
A ingestão de larvas de Gnathostoma encontradas em peixe cru é a segunda causa mais frequente de meningite eosinofílica no mundo.
Se consumido cru, o Tucunaré pode causar doenças raras FOTO: GIO SPIGO / PEXELS |
No Brasil, até então, os relatos de infecção pelo parasita incluíam apenas lesões na pele. Carlos Graeff-Teixeira, da UFES e autor do estudo, destaca a importância desse registro: “É a primeira vez que se encontra um caso de meningite eosinofílica provocada por Gnathostoma. Esse parasita até agora tinha provocado apenas lesões cutâneas’’.
O caso ocorreu na Amazônia em agosto de 2017 e envolveu um jovem que viajou em grupo para uma pescaria na região onde fica localizado o rio Juruena, na divisa dos estados do Amazonas e do Mato Grosso. Alguns turistas relataram episódios de diarreia aguda após a captura e consumo da espécie tucunaré, em formato de sashimi.
Apesar de não ter apresentado esse sintoma, o jovem relatou fadiga, palpitações, falta de ar e fortes dores de cabeça. O paciente foi submetido a exames de sangue e coleta de líquido cefalorraquidano. Esse fluido biológico está presente no sistema nervoso central e nas meninges, transporta nutrientes filtrados do sangue e elimina impurezas e substâncias tóxicas produzidas pelas células do cérebro e da medula espinhal.
O caso ocorreu na Amazônia em agosto de 2017 e envolveu um jovem que viajou em grupo para uma pescaria na região onde fica localizado o rio Juruena, na divisa dos estados do Amazonas e do Mato Grosso. Alguns turistas relataram episódios de diarreia aguda após a captura e consumo da espécie tucunaré, em formato de sashimi.
Apesar de não ter apresentado esse sintoma, o jovem relatou fadiga, palpitações, falta de ar e fortes dores de cabeça. O paciente foi submetido a exames de sangue e coleta de líquido cefalorraquidano. Esse fluido biológico está presente no sistema nervoso central e nas meninges, transporta nutrientes filtrados do sangue e elimina impurezas e substâncias tóxicas produzidas pelas células do cérebro e da medula espinhal.
O exame apontou 63% de eosinófilos no sangue, glóbulos brancos comuns em resposta a infecções por parasitas ou alergias.
Os exames iniciais foram inconclusivos, mas a suspeita da infecção surgiu após uma análise do histórico de viagem e do relato de outro turista que estava na mesma região, que teve uma lesão na pele abdominal, conhecida como uma forma de bicho geográfico, possivelmente causada pelo mesmo parasita.
Os exames iniciais foram inconclusivos, mas a suspeita da infecção surgiu após uma análise do histórico de viagem e do relato de outro turista que estava na mesma região, que teve uma lesão na pele abdominal, conhecida como uma forma de bicho geográfico, possivelmente causada pelo mesmo parasita.
As amostras foram analisadas em maio de 2018. Um teste sorológico diagnóstico cedido pela Universidade Khon Kaen, na Tailândia confirmou a presença de anticorpos anti-gnathostoma, o que significa que o indivíduo teve contato com o parasita.
O estudo serve de orientação à população em geral, especialmente à comunidade médica e de pescadores no Brasil, para o perigo de se consumir peixe cru, principalmente, de espécies silvestres.
O estudo serve de orientação à população em geral, especialmente à comunidade médica e de pescadores no Brasil, para o perigo de se consumir peixe cru, principalmente, de espécies silvestres.
“O ideal é levar ao fogo e apreciar o peixe assado, cozido, grelhado’’, recomenda Graeff.
O pesquisador explica ainda que, embora o maior número de relatos de infecção parasitária no Brasil envolva o tucunaré, ainda é preciso aguardar as conclusões de novos estudos sobre outras espécies envolvidas na transmissão desse parasita.
> Com informação da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropica.
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