Pular para o conteúdo principal

Cultivo de frutas amazônicas pode ajudar no combate à desnutrição, afirmam pesquisadores

O livro "Frutas da Floresta: o Poder Nutricional da Biodiversidade Amazônica" será distribuído professores, merendeiras e agentes de saúde do Amazonas 


Agência Bori
serviço de apoio à imprensa na cobertura da ciência

As frutas amazônicas são fundamentais para a alimentação, a saúde, a cultura e para a preservação da biodiversidade. Em livro lançado nesta terça (26), pesquisadores do Instituto Mamirauá, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Laboratório de Biodiversidade e Nutrição (LabNutrir) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) destacam o potencial nutritivo de frutas como açaí-do-mato, buriti, tucumã e jenipapo no combate à fome e à desnutrição.

O livro “Frutas da Floresta: o Poder Nutricional da Biodiversidade Amazônica” tem o objetivo de disseminar informações nutricionais e culturais desses alimentos de forma acessível e lúdica, com esquemas e ilustrações. Ele será distribuído para professores escolares, merendeiras e agentes de saúde de comunidades do Amazonas.

Desde 2022, o grupo de pesquisadores, formado por biólogos e nutricionistas, tem realizado trabalhos de campo sobre a sociobiodiversidade amazônica com as comunidades locais. Mas os estudos na região do médio Solimões têm sido desenvolvidos antes mesmo dessa data, e já deram origem a diversos projetos locais, como oficinas de culinária. 

“A população ribeirinha tem um conhecimento imenso sobre a ecologia e os usos da biodiversidade na alimentação, enquanto nós, pesquisadores, sabemos pelas tabelas nutricionais, que as frutas amazônicas são riquíssimas em nutrientes”, explica Daniel Tregidgo, autor do livro e pesquisador do Instituto Mamirauá, sobre a motivação da obra.


Planta típica da Amazônia,
o buriti pode reforçar a
nutrição dos ribeirinhos

FOTO: DANIEL TREGIDGO / ACERVO PESQUISADOR

Além de propriedades nutricionais e formas de processamento para uso humano de dez frutas, o lançamento compila dados culturais, poemas e curiosidades tradicionais sobre esses vegetais. 

“Por exemplo, que o nome da fruta camu-camu vem do som que os frutinhos fazem quando caem na água, atraindo os peixes que se alimentam deles. Percebendo isso, os pescadores usam esse alimento na pesca”, comenta Tregidgo.

Ainda, para estimular o consumo desses alimentos, a obra traz mais de 20 receitas de farofas, risotos, pães, bolos e outros pratos feitos com base nas frutas da região amazônica.

Para os pesquisadores, apesar de a desnutrição ser um problema complexo e que exige soluções estruturais, a publicação pode contribuir para a valorização dos alimentos disponíveis no bioma. 

“É uma triste realidade que um dos piores níveis de insegurança alimentar e desnutrição no Brasil ocorre nas comunidades ribeirinhas da Amazônia — justamente onde tem essa grande riqueza de alimentos da biodiversidade”, explica Tregidgo. 

“Queremos fortalecer o conceito de que a floresta amazônica oferece saúde para sua população quando se sabe aproveitar bem o que ela fornece.”

A nutricionista e também autora Yasmin Araújo, cujo trabalho de conclusão de curso originou o projeto do livro, explica que a alimentação da população ribeirinha está muito suscetível às variações climáticas. 

O cultivo de muitas espécies na várzea, como a mandioca, é mais comum nas épocas de seca. O livro inova ao trazer foco para espécies de frutas que quebram essa lógica. “Escolhemos frutas disponíveis em todas as épocas, seja nas cheias ou na seca, tanto em áreas de terra firme como em áreas de várzea”, aponta a pesquisadora.

A obra também pretende contribuir para a preservação da biodiversidade e poderia gerar, segundo os pesquisadores, um aumento na comercialização de frutas amazônicas, com uma possível integração delas nas políticas públicas de alimentação, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Isso poderia trazer mais valor econômico e cultural para a manutenção da floresta amazônica.


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê