Na faixa de profissionais até 39 anos, as mulheres representam 58% do total; tendência é de maior participação
O levantamento mostra ainda que em 2023 os homens ainda representavam a maioria dos médicos com até 80 anos do Brasil, correspondendo a 50,08% do total dos profissionais da área, enquanto as mulheres representam 49,92% da categoria. Mas, segundo o documento, estima-se que ainda neste ano o número de mulheres ultrapasse o de homens na carreira de medicina.
De acordo com o CFM, o aumento do ingresso de mulheres na medicina começou a ser observado em 2009. Desde então, essa tendência tem sido observada nos anos seguintes, e o número de mulheres ingressando na carreira começou a exceder o de homens.
Segundo Julio César Martins Monte, diretor acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, a feminilização da medicina é uma tendência internacional, que não se restringe ao Brasil.
O levantamento aponta que o Sudeste tem a maior densidade e proporção de médicos por mil habitantes (3,76) e concentra 51% do total de médicos do país.
Para comparação, o documento relata que em 1990 o Brasil possuía 0,91 médico para cada mil habitantes. Três anos depois, alcançou a marca de 1 médico por mil. Em 2016, o país dobrou essa proporção, atingindo 2,03 médicos para cada mil pessoas. E agora, atingiu a marca de 2,81.
Em 2021, o relatório da OCDE colocava o Brasil na 43ª posição do ranking da densidade de médicos por mil habitantes — na época, o país tinha 2,2 profissionais por mil pessoas. Considerando que neste ano o Brasil alcançou o índice de 2,8, ele subiria para a 35ª posição do ranking.
Na avaliação do diretor acadêmico do Einstein, ampliar a oferta de cursos de Medicina em regiões isoladas do Brasil na expectativa de fixar médicos nesses locais não resolve o problema da desigualdade de distribuição, pois em muitos municípios falta infraestrutura básica, como unidades básicas de saúde, hospitais e outros equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Não adianta eu expandir a escola se não tenho infraestrutura para esse médico trabalhar. E o problema não é somente fixar esse médico que vai se formar. É preciso criar mecanismos para fixar o médico que vai ser o professor nessa faculdade, senão a qualidade fica comprometida. Além disso, uma andorinha sozinha não faz verão. Não adianta ter só médico. É preciso ter equipe multiprofissional, com enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas. A ideia de que abrir novas faculdades vai resolver o problema é muito simplista”, comenta Monte.
Fernanda Bassette
jornalista
Agência Einstein
serviço de apoio à imprensa na cobertura da ciência e saúde financiado pelo Hospital Israelita Albert Einstein
O número de médicas no Brasil vem aumentando ano a ano e, atualmente, as mulheres são a maioria dos médicos mais jovens, com menos de 39 anos, em atuação no país: elas representam 58% dos profissionais nessa faixa etária, enquanto eles são 42%.
Os dados são da Demografia Médica 2024 divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que mostra também que o número de médicos no país dobrou em 15 anos, saltando de 292.794 em 2009 para 575.930 médicos ativos em 2024, uma das maiores quantidades do mundo — o que representa 2,81 médicos para cada mil habitantes.
O levantamento mostra ainda que em 2023 os homens ainda representavam a maioria dos médicos com até 80 anos do Brasil, correspondendo a 50,08% do total dos profissionais da área, enquanto as mulheres representam 49,92% da categoria. Mas, segundo o documento, estima-se que ainda neste ano o número de mulheres ultrapasse o de homens na carreira de medicina.
De acordo com o CFM, o aumento do ingresso de mulheres na medicina começou a ser observado em 2009. Desde então, essa tendência tem sido observada nos anos seguintes, e o número de mulheres ingressando na carreira começou a exceder o de homens.
“Temos esse aumento no número de médicas formadas, hoje está equivalente ao de homens e elas já são a maioria entre os mais jovens. A mulher está impondo seu justo papel de liderança e de conhecimento. Medicina se mede por conhecimento”, afirmou Donizetti Giamberardino, conselheiro federal e supervisor da Demografia Médica 2024.
Segundo Julio César Martins Monte, diretor acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, a feminilização da medicina é uma tendência internacional, que não se restringe ao Brasil.
“Esse é um fato que tem sido observado há algum tempo. Demonstra que a mulher pode ser quem ela quiser, seguir a carreira que quiser, mesmo medicina sendo um curso longo e exaustivo. É o reflexo de um movimento de independência cada vez maior da mulher, que deve colocar suas escolhas em primeiro lugar”, avaliou.
Recorde de médicos
Segundo a Demografia Médica, o número de médicos ativos no Brasil em 2024 é o maior em todos os anos. Desde o início da década de 1990, essa quantidade mais que quadruplicou, saltando de cerca de 131 mil profissionais para os mais de 575 mil atualmente.
Para o CFM, esse crescimento tem sido impulsionado pela expansão do ensino médico — com a abertura de muitas faculdades de medicina nos últimos anos — e também devido à demanda por serviços de saúde, em decorrência do aumento das necessidades de saúde da população, mudanças no perfil de morbidade e mortalidade, envelhecimento da população, entre outros fatores.
De acordo com o CFM, atualmente o Brasil possui 389 escolas médicas, a segunda maior quantidade de faculdades do mundo, ficando atrás somente da Índia.
Apesar de isso representar o aumento significativo na quantidade de profissionais disponíveis ano a ano, o Brasil ainda enfrenta uma importante desigualdade na distribuição e fixação desses médicos em regiões mais distantes — a concentração continua nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nas capitais, devido às melhores condições de trabalho.
O levantamento aponta que o Sudeste tem a maior densidade e proporção de médicos por mil habitantes (3,76) e concentra 51% do total de médicos do país.
Já a região Norte tem a menor proporção de profissionais por mil (1,78), número bem abaixo da média nacional. O Nordeste apresenta uma média de 2,22 médicos por mil; o Sul tem 3,27 e o Centro-Oeste concentra 3,39 médicos por mil.
Para comparação, o documento relata que em 1990 o Brasil possuía 0,91 médico para cada mil habitantes. Três anos depois, alcançou a marca de 1 médico por mil. Em 2016, o país dobrou essa proporção, atingindo 2,03 médicos para cada mil pessoas. E agora, atingiu a marca de 2,81.
“Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, em 2028, o país contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE)”, afirmou José Hiran Gallo, presidente do CFM.
Em 2021, o relatório da OCDE colocava o Brasil na 43ª posição do ranking da densidade de médicos por mil habitantes — na época, o país tinha 2,2 profissionais por mil pessoas. Considerando que neste ano o Brasil alcançou o índice de 2,8, ele subiria para a 35ª posição do ranking.
“O Brasil possui um número razoável de médicos ativos, comparável às principais nações desenvolvidas do mundo. Mas o maior problema ainda é a distribuição desses médicos. Há uma grande dificuldade de distribuir esses profissionais que se concentram nas capitais e isso, por si só, implica em dificuldade de acesso da população. E esse acesso deveria ser proporcionado e planejado pelo Estado, com ampliação da rede de assistência na atenção primária para a fixação desses profissionais de saúde nos locais mais difíceis de atração. Se crescermos o número de médicos sem uma política de fixação, a desigualdade só vai aumentar”, disse.
Na avaliação do diretor acadêmico do Einstein, ampliar a oferta de cursos de Medicina em regiões isoladas do Brasil na expectativa de fixar médicos nesses locais não resolve o problema da desigualdade de distribuição, pois em muitos municípios falta infraestrutura básica, como unidades básicas de saúde, hospitais e outros equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Não adianta eu expandir a escola se não tenho infraestrutura para esse médico trabalhar. E o problema não é somente fixar esse médico que vai se formar. É preciso criar mecanismos para fixar o médico que vai ser o professor nessa faculdade, senão a qualidade fica comprometida. Além disso, uma andorinha sozinha não faz verão. Não adianta ter só médico. É preciso ter equipe multiprofissional, com enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas. A ideia de que abrir novas faculdades vai resolver o problema é muito simplista”, comenta Monte.
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