A Igreja Católica brasileira parece não se importar com as vítimas, chegando a demonstrar orgulho pelos mosaicos do padre acusado de abuso sexual
Federica Tourn
jornalista
Appunti - di Stefano Feltri
site italiano
No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no estado de São Paulo, Brasil, a maior basílica mariana do mundo, chegou o dia da inauguração da fachada sul.
Assim como a fachada norte, a grande entrada sul agora está coberta com os mosaicos do jesuíta Marko Rupnik, uma figura nada comum. O famoso teólogo e artista é acusado de abusos por mais de vinte mulheres.
Mas a Igreja brasileira parece não se importar e continua a se orgulhar da obra em Aparecida, um projeto imponente que envolveu 41 artistas profissionais e 500 operários na montagem de mais de três mil metros quadrados de mosaicos na fachada e 650 metros quadrados na colunata com cenas da Paixão de Jesus.
Trata-se da etapa mais desafiadora da “Jornada Bíblica”, o projeto artístico e pastoral da Congregação do Santíssimo Redentor que administra o santuário e que pretende transformá-lo «na maior Bíblia a céu aberto do mundo».
As obras realizadas por Rupnik e pelo atelier do Centro Aletti, fundado por ele, estão presentes em mais de 230 igrejas e instituições religiosas em todo o mundo. Mas, após o escândalo desencadeado pelas revelações das vítimas do sacerdote, começou-se a avaliar a remoção dessas obras.
Isso aconteceu em Lourdes, onde no próximo mês o bispo de Tarbes e Lourdes, Jean-Marc Micas, decidirá se os mosaicos de Rupnik devem ser removidos da fachada da Basílica do Rosário; e também nos Estados Unidos, onde, no início de abril, a associação católica Knights of Columbus solicitou a remoção das obras de Rupnik da igreja Redemptor Hominis e da capela do Santuário Nacional de São João Paulo II em Washington.
Considerando que em Aparecida está prevista a decoração de todas as fachadas da basílica com os mosaicos do Centro Aletti — os trabalhos já estão fervendo na parede leste —, se em Lourdes o bispo decidir pela remoção, poderíamos em breve nos deparar com um paradoxo caótico: na Europa, um santuário destrói as obras do padre abusador, enquanto do outro lado do oceano outro as monta e celebra.
De fato, dois dos centros religiosos mais famosos do mundo adotam atitudes opostas sobre um tema tão delicado como o abuso sexual na Igreja e a relação entre o artista violento e sua arte.
jornalista
Appunti - di Stefano Feltri
site italiano
No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no estado de São Paulo, Brasil, a maior basílica mariana do mundo, chegou o dia da inauguração da fachada sul.
Assim como a fachada norte, a grande entrada sul agora está coberta com os mosaicos do jesuíta Marko Rupnik, uma figura nada comum. O famoso teólogo e artista é acusado de abusos por mais de vinte mulheres.
Mas a Igreja brasileira parece não se importar e continua a se orgulhar da obra em Aparecida, um projeto imponente que envolveu 41 artistas profissionais e 500 operários na montagem de mais de três mil metros quadrados de mosaicos na fachada e 650 metros quadrados na colunata com cenas da Paixão de Jesus.
Trata-se da etapa mais desafiadora da “Jornada Bíblica”, o projeto artístico e pastoral da Congregação do Santíssimo Redentor que administra o santuário e que pretende transformá-lo «na maior Bíblia a céu aberto do mundo».
As obras realizadas por Rupnik e pelo atelier do Centro Aletti, fundado por ele, estão presentes em mais de 230 igrejas e instituições religiosas em todo o mundo. Mas, após o escândalo desencadeado pelas revelações das vítimas do sacerdote, começou-se a avaliar a remoção dessas obras.
Isso aconteceu em Lourdes, onde no próximo mês o bispo de Tarbes e Lourdes, Jean-Marc Micas, decidirá se os mosaicos de Rupnik devem ser removidos da fachada da Basílica do Rosário; e também nos Estados Unidos, onde, no início de abril, a associação católica Knights of Columbus solicitou a remoção das obras de Rupnik da igreja Redemptor Hominis e da capela do Santuário Nacional de São João Paulo II em Washington.
Considerando que em Aparecida está prevista a decoração de todas as fachadas da basílica com os mosaicos do Centro Aletti — os trabalhos já estão fervendo na parede leste —, se em Lourdes o bispo decidir pela remoção, poderíamos em breve nos deparar com um paradoxo caótico: na Europa, um santuário destrói as obras do padre abusador, enquanto do outro lado do oceano outro as monta e celebra.
De fato, dois dos centros religiosos mais famosos do mundo adotam atitudes opostas sobre um tema tão delicado como o abuso sexual na Igreja e a relação entre o artista violento e sua arte.
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