Os pesquisadores coletaram amostras de diferentes habitats da baía, incluindo manguezais e costões rochosos. Após a coleta, os organismos foram identificados em espécies com base em estudos anteriores e coleções de museus e catalogados em um checklist abrangente sobre a fauna bentônica da baía.
O Museu de Diversidade Biológica, do Instituto de Biologia da Unicamp, serviu como um dos principais repositórios de espécimes coletados durante o projeto.
O artigo destaca os organismos mais prevalentes na Baía do Araçá, sendo anelídeos (225 espécies), moluscos (194 espécies) e crustáceos (177 espécies). FOTO: CECILIA AMARAL / ACERVO PESQUISADORA |
A riqueza de espécies na baía reforça sua importância ecológica e biodiversidade marinha complexa.
A pesquisadora Cecilia Amaral, da Unicamp, autora principal do artigo, explica que os organismos
bentônicos desempenham importantes serviços ecossistêmicos, como a reciclagem de nutrientes, e atuam como indicadores de distúrbios e da qualidade do ambiente.
“Como parte fundamental da teia trófica, esses organismos servem de alimento para muitas aves, peixes, crustáceos, como também para alimentação humana, tais como algas, mariscos, siris, camarões e caranguejos”, diz.
O estudo também destaca o impacto da ação humana sobre a Baía do Araçá. Um exemplo é a proximidade com o porto de São Sebastião.
O recente aparecimento de uma espécie de ascídia nociva para o cultivo de mexilhões e ostras indica o papel do porto na introdução de organismos potencialmente invasores.
As atividades do porto também concorrem com a pesca artesanal da região, realizada tradicionalmente em canoas caiçaras, configurando um conflito socioambiental na baía.
A pesquisa faz parte de um amplo projeto de estudo do local financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
Amaral destaca que a iniciativa permitiu o treinamento de jovens cientistas e a reunião de pesquisadores de diferentes áreas e instituições.
“Essa interação possibilitou uma ampla gama de interpretações, sob pontos de vista ecológicos, sociais, econômicos e políticos, abrindo um diálogo real entre população, cientistas e tomadores de decisão.”.
Amaral ressalta que a continuidade dos estudos é fundamental para aprimorar a gestão de oceano e áreas costeiras no país.
“Somente dessa forma teremos condições de conhecer de maneira integrada a ampla área marinha de nossa costa, de Norte a Sul, e assim nos tornaremos mais fortes para defender essa nossa imensa extensão de área marinha.”
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