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Cápsulas de papelão com sementes podem auxiliar na restauração ecológica do Cerrado

Técnica de germinação de plantas típicas da região é alternativa para restaurar área degradas


Agência Bori
serviço de apoio à imprensa na cobertura da ciência

O uso de cápsulas biodegradáveis, feitas a partir de papelão, aumenta as chances de germinação das sementes de três espécies de árvores típicas do Cerrado: baru, angico-branco e tamboril. 

Esse resultado, publicado em artigo da revista “Ciência Rural” nesta sexta (18) por pesquisadores das universidades federais de Jataí (UFJ), em Goiás, e de Rondonópolis (UFR), no Mato Grosso, pode trazer avanços para programas de restauração de áreas degradadas.

As espécies têm importância cultural, alimentar e ecológica no Cerrado. O baru produz a oleaginosa conhecida como castanha de baru, rica em nutrientes, e o angico-branco e o tamboril têm partes utilizadas em preparos terapêuticos, como infusões.

Os experimentos foram conduzidos ao longo de quatro meses em uma estufa do Centro Universitário de Mineiros, em Goiânia, para verificar as diferenças entre o uso de cápsulas e a semeadura direta. Em cada amostra, a equipe depositou duas sementes de cada espécie. 

       Foto: Mauricio Mercadante / Flickr


No caso do baru,
a taxa de germinação
com a cápsula se
aproximou de 100%,
enquanto na semeadura
direta foi de 5%.
O mesmo ocorreu com o
angico-branco, cuja taxa
com a proteção foi de
42% em comparação
aos 21% da semeadura direta,
e com o tamboril, que
registrou taxa
de 12% versus 8%.


O artigo explica que a cápsula, desenvolvida a partir de papelão utilizado como embalagem de ovos, garante proteção das sementes no solo contra animais herbívoros. A cápsula também aumenta a retenção de umidade, garantindo conforto térmico às sementes.

A semeadura direta só pode ser bem-sucedida quando diferentes fatores, como o uso de tecnologias e práticas agrícolas adequadas, melhoram a germinação das sementes, explica Karine Lopes, doutora em Geografia pela UFJ e uma das autoras do artigo.

Segundo a autora, a tecnologia descrita pelo artigo é de baixo custo e sustentável, com potencial impactar significativamente os esforços para a restauração de áreas degradadas. “Essa inovação pode influenciar políticas públicas de conservação e contribuir para a produção de conhecimento científico”, conta Lopes.

A pesquisa também traz novidade ao integrar o uso de cápsulas biodegradáveis com a tecnologia de drones para monitoramento da recuperação ambiental, de acordo com Lopes. “Atualmente, não existe nenhum material equivalente disponível, o que coloca essa pesquisa na vanguarda das soluções sustentáveis para restauração ecológica”, aponta a pesquisadora.

Como próximos passos, os pesquisadores pretendem avaliar o crescimento e a sobrevivência das plantas recém-germinadas em campo, além de realizar uma análise detalhada dos custos financeiros envolvidos. Eles também pretendem implementar a metodologia em áreas de difícil acesso para monitorar o crescimento das plantas e avaliar a eficácia do processo em outras condições ambientais. 

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