Em carta, cientistas rebate críticas à ciência aberta e sugerem alguns pontos para a democratização do conhecimento
Agência Bori
Na avaliação dos pesquisadores, o documento oficial supervaloriza as dificuldades de implantar práticas de ciência aberta, enquanto há medidas simples, de baixo custo e alta efetividade, que podem ser adotadas imediatamente.
No dia 14 de janeiro, o CNPq divulgou uma visão crítica sobre o movimento de Ciência Aberta, destacando principalmente duas barreiras: o alto custo das taxas de processamento de artigos (APCs) cobradas por grandes editoras e a falta de infraestrutura adequada para compartilhar dados de pesquisa. Segundo o texto, tais fatores dificultam a aplicação prática de uma ciência mais transparente e acessível.
Contudo, a resposta da RBR enfatiza que, embora essas barreiras existam, elas não deveriam impedir ações imediatas em prol da abertura científica. “Não existe uma entidade utópica chamada ‘Ciência Aberta’ a ser implementada só depois de superados grandes entraves”, diz a carta, fazendo referência à definição da UNESCO de que a ciência aberta consiste em um conjunto de ações e práticas possíveis de serem adotadas gradualmente.
Veja alguns pontos defendidos na carta:
— Adoção de políticas de avaliação que não estimulem publicações em revistas pagas
— Valorização de práticas de ciência aberta no currículo Lattes
— Exigência de acesso aberto para artigos resultantes de financiamentos do CNPq
— Tornar o compartilhamento de dados a regra, com exceções para casos de dados sensíveis, estratégicos ou de grande volume
Segundo o documento, o Brasil investe cerca de 500 milhões de reais ao ano em assinaturas de periódicos, enquanto muitos artigos ficam indisponíveis a quem não é vinculado às instituições de pesquisa. Isso, segundo a carta, faz do modelo por assinaturas uma solução “mais excludente e menos sustentável” do que opções de acesso aberto.
— Exigência de acesso aberto para artigos resultantes de financiamentos do CNPq
— Tornar o compartilhamento de dados a regra, com exceções para casos de dados sensíveis, estratégicos ou de grande volume
Segundo o documento, o Brasil investe cerca de 500 milhões de reais ao ano em assinaturas de periódicos, enquanto muitos artigos ficam indisponíveis a quem não é vinculado às instituições de pesquisa. Isso, segundo a carta, faz do modelo por assinaturas uma solução “mais excludente e menos sustentável” do que opções de acesso aberto.
Já quanto ao compartilhamento de dados, os pesquisadores reconhecem haver casos complexos — como os grandes volumes de dados do CERN (organização europeia de pesquisas nucleares) ou situações que envolvem informações sensíveis na Fiocruz –, porém destacam que boa parte das pesquisas nacionais não enfrenta esses problemas, podendo ser aberta de maneira simples em repositórios gratuitos.
Em outro documento, disponibilizado na plataforma Zenodo.org, um repositório aberto para dados e documentos, pesquisadores também reforçam o valor de uma estratégia alinhada às tendências internacionais e capaz de aproveitar as iniciativas já existentes no Brasil para ampliar o acesso ao conhecimento científico e otimizar recursos públicos.
“Muitos países já executam ações gradativas, investindo em infraestruturas abertas, de baixo custo e interoperáveis […]. O Brasil pode obter grandes benefícios com a adoção dessas práticas, mas também corre o risco de sofrer perdas significativas ao seguir um caminho diferente. Caso o país não se alinhe a esse movimento [da Ciência Aberta], poderá comprometer sua capacidade de colaboração internacional”, diz o texto.
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