Pular para o conteúdo principal

Cientistas criticam texto do CNPq e defendem avanço no compartilhamento da ciência

Em carta, cientistas rebate críticas à ciência aberta e sugerem alguns pontos para a democratização do conhecimento



Uma carta aberta escrita por membros da Rede Brasileira de Reprodutibilidade (RBR) e assinada por cientistas brasileiros contesta o texto “Ciência aberta: uma visão desapaixonada”, publicado recentemente pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), assinado pelo presidente da entidade, o físico Ricardo Galvão, e pela diretora de análise de resultados e soluções digitais, a também física Débora Menezes. 

Na avaliação dos pesquisadores, o documento oficial supervaloriza as dificuldades de implantar práticas de ciência aberta, enquanto há medidas simples, de baixo custo e alta efetividade, que podem ser adotadas imediatamente.

No dia 14 de janeiro, o CNPq divulgou uma visão crítica sobre o movimento de Ciência Aberta, destacando principalmente duas barreiras: o alto custo das taxas de processamento de artigos (APCs) cobradas por grandes editoras e a falta de infraestrutura adequada para compartilhar dados de pesquisa. Segundo o texto, tais fatores dificultam a aplicação prática de uma ciência mais transparente e acessível.


Contudo, a resposta da RBR enfatiza que, embora essas barreiras existam, elas não deveriam impedir ações imediatas em prol da abertura científica. “Não existe uma entidade utópica chamada ‘Ciência Aberta’ a ser implementada só depois de superados grandes entraves”, diz a carta, fazendo referência à definição da UNESCO de que a ciência aberta consiste em um conjunto de ações e práticas possíveis de serem adotadas gradualmente.

Veja alguns pontos defendidos na carta:

— Adoção de políticas de avaliação que não estimulem publicações em revistas pagas
— Valorização de práticas de ciência aberta no currículo Lattes
— Exigência de acesso aberto para artigos resultantes de financiamentos do CNPq
— Tornar o compartilhamento de dados a regra, com exceções para casos de dados sensíveis, estratégicos ou de grande volume

Segundo o documento, o Brasil investe cerca de 500 milhões de reais ao ano em assinaturas de periódicos, enquanto muitos artigos ficam indisponíveis a quem não é vinculado às instituições de pesquisa. Isso, segundo a carta, faz do modelo por assinaturas uma solução “mais excludente e menos sustentável” do que opções de acesso aberto.


Já quanto ao compartilhamento de dados, os pesquisadores reconhecem haver casos complexos — como os grandes volumes de dados do CERN (organização europeia de pesquisas nucleares) ou situações que envolvem informações sensíveis na Fiocruz –, porém destacam que boa parte das pesquisas nacionais não enfrenta esses problemas, podendo ser aberta de maneira simples em repositórios gratuitos.

Em outro documento, disponibilizado na plataforma Zenodo.org, um repositório aberto para dados e documentos, pesquisadores também reforçam o valor de uma estratégia alinhada às tendências internacionais e capaz de aproveitar as iniciativas já existentes no Brasil para ampliar o acesso ao conhecimento científico e otimizar recursos públicos.

“Muitos países já executam ações gradativas, investindo em infraestruturas abertas, de baixo custo e interoperáveis […]. O Brasil pode obter grandes benefícios com a adoção dessas práticas, mas também corre o risco de sofrer perdas significativas ao seguir um caminho diferente. Caso o país não se alinhe a esse movimento [da Ciência Aberta], poderá comprometer sua capacidade de colaboração internacional”, diz o texto.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Leitor critica falta de 'critério claro' na promoção de comentário a post

Leitor disse que aqui era 'figurinha carimbada' O leitor José Geraldo Gouvêa disse no blog “Arapucas Libertárias” que deixou de escrever aqui por causa da “falta de um critério claro” do jornalista do Paulopes.com na promoção de comentários a posts. E também porque ele, o leitor, tem o “hábito de pensar lentamente”, desejando sempre melhorar o que escreve. Afirmou que, em consequência disso, tem passado por  “desconforto”. Citou a polêmica sobre se ateísmo é ou não uma crença, na qual ele teve um comentário transformado em post, e uma sua postagem mais recente, pela qual foi acusado de cometer “falácias infantis” por um blogueiro (um filhote subnutrido do Olavo de Carvalho). Gouvêa não deixou claro o que lhe causou mais dano, se a falta de critério deste blog, se o raciocínio lento dele ou se essas duas supostas deficiências, em partes iguais. Mas reconheceu que as suas postagens aqui elevaram os acessos em seus dois blogues. O leitor omitiu que no dia 15 de deze...

Pregação de químico contra evolução preocupa cientistas

O bioquímico evangélico Eberlin diz que  teoria da evolução é falácia Um grupo de cientistas enviou em março uma carta à ABC (Academia Brasileira de Ciência) manifestando “preocupação com a tentativa de popularização de ideias retrógradas que afrontam o método científico”. Trata-se de uma referência ao bioquímico evangélico Marcos Eberlin (foto), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que também é membro da academia. O bioquímico tem se destacado pelas suas pesquisas sobre uma técnica para medir massas e composição de moléculas e pelas palestras onde critica a teoria da evolução, de Charles Darwin (1809-1882), com a afirmação de que a ciência tem produzido cada vez mais dados indicativos de que existe uma mente inteligente por detrás de toda a criação. Eberlin defende a ideia do design inteligente segundo a qual não houve na Terra evolução da vida, que é, no seu entendimento, uma obra de Deus. “'Não aceito a evolução porque as evidências químicas que ten...

Malafaia católico acusa juízes de seguirem valores ateístas

Azevedo fala manso, mas é mais radical Malafaia Ao comentar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul de retirar os crucifixos de suas instalações, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr. (foto), da Arquidiocese de Cuiabá (MT), acusou os magistrados de imporem à sociedade uma “cultura ateia”, em detrimento dos valores cristãos.   Para ele, isso é uma “perversão que abala o princípio da própria Justiça”. Azevedo é um padre de fala mansa e gestos comedidos. Nesse aspecto, ele é bem diferente do espalhafatoso pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Mas Azevedo pode ser chamado de “o Malafaia da Igreja Católica” pela radicalidade de suas pregações e por suas ideias, que se situam à direita até mesmo em relação às do seu colega evangélico. Ambos sofrem dos males da teoria da conspiração contra os valores cristãos. Para Malafaia, o movimento gay quer dominar o Brasil e o mundo. Para Azevedo, os conspiradores preferenciais são os at...

Arkansas vai ter de aceitar o anúncio 'Você é bom sem Deus?'

A juíza federal Susan Webber Wright mandou ontem (11) que a empresa que administra o transporte público do Estado de Arkansas (no sudoeste dos EUA) atenda ao pedido de entidades ateias que querem colocar nas laterais de ônibus o anúncio “Você é bom sem Deus?”. Milhões são”. Em junho, a Central Arkansas CoR, que reúne dez entidades ateias, preparou o anúncio para exibi-lo em 18 ônibus da cidade de Riverfest, mas a CATA (Central Arkansas Transit Authority) não o aceitou. A CoR recorreu à Justiça acusando a empresa de afrontar a liberdade de expressão garantida pela Primeira Emenda da Constituição americana. A juíza Susan tomou a decisão em uma audiência preliminar com os representantes dos ateus e da empresa. Ela autorizou a CoR a colocar o endereço de seu site no anúncio e atendeu ao pedido da CATA de que a entidade do ateus deposite uma caução de US$ 15.000 (R$ 24.000) a US$ 21.000 (R$ 33.800) para cobrir gastos caso haja depredação de ônibus. A CoR resiste em depositar a cau...

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Colégio adventista ensina dilúvio em aula de história

Professor coloca criacionismo e evolução no mesmo nível No Colégio Adventista de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá (MT), o dilúvio é matéria de ensino não só nas aulas de religião, mas também nas de história, embora não haja qualquer indício científico de que tenha havido esse evento da natureza conforme está descrito na Bíblia. Para Toni, estudantes "confirmaram' a crença A foto do professor Toni Carlos Sanches  em uma sala de aula do 6º ano considerando na lousa a possibilidade de os fósseis terem se formado na época do dilúvio tem gerado acalorado debate no Facebook, a ponto de o colégio ter emitido uma nota tentando se justificar. O colégio informou que ministra aulas de criacionismo em conjunto com evolucionismo, admitindo, assim, que coloca os textos bíblicos no mesmo patamar de credibilidade da teoria do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), autor do livro "A Origem das Espécies". A nota procura dar ideia de...

Leitora acha absurdo este blog não publicar a ‘verdade’ dela

por Salamandra Gouvêa a propósito de Autor do massacre em Colorado estaria endemoniado, diz padre. Paulo Lopes Gostaria de saber a razão pela qual, costuma escrever somente o que lhe interessa e não escreve um texto, na íntegra, abordando TODOS os fatos e TODAS as falas? Talvez seja porque se contraponham às suas concepções! Isso é escrever com imparcialidade? Por que não expõe a verdade e não apenas seu sensacionalismo barato que só serve para reforçar a forma retrógrada como faz suas generalizações? Me chame mais uma vez de intolerante! Sou intolerante mesmo, com pessoas iguais ao senhor que escrevem apenas coisas de seu interesse, omitindo as que não são! Se quer saber do que falo, pesquise e encontrará a resposta! Absurdo! de um anônimo "A observação inocente, imparcial, é um mito." (Sir P. B. Medawar) do WillPapp O blog permite que se façam postagens. Faça uma postagem que mostre quais foram os pontos omitidos pelo Paulo Lopes. Ficar dizendo...