Jornal reproduz história bizarra induzindo haver genes responsáveis pela comunicação de vivos com mortos, a mediunidade
Paulo Lopes
jornalista, trabalhou na Folha de S.Paulo, Diário Popular, Editora Abril, onde foi premiado, e em outras publicações
A Folha de S.Paulo publicou uma reportagem sobre o resultado de uma pesquisa realizada em 2020 e 2021 segunda a qual 54 pessoas tidas como médiuns apresentaram uma diferenciação genética em relação a 53 parentes delas de primeiro grau.
Só para lembrar: o médium é a pessoa que alega falar com pessoas mortas, com espíritos.
A reportagem não deve ser levada a sério pelo seguinte:
1 — Não há prova científica de que se pode falar com os mortos.
2 — O texto da reportagem induz que a referida pesquisa teria identificado os genes que viabilizam pessoas falar com quem está no além, seja lá o que isso pode significar. Se isso fosse verdade, os responsáveis pela pequisa ganhariam o Nobel da ciência.
3 — Sempre há diferenças genéticas entre pessoas — tidas como médiuns ou não — e seus parentes ou não, mas a explicação disso nunca será extraordinária, como a comunicação com os mortos, mas sim que, por exemplo, indivíduos de determinadas famílias tendem a ter unhas encravadas.
4 — Com o título “Médiuns têm alterações genéticas, mostra estudo coordenado pela USP”, a reportagem destaca que a pesquisa foi publicada pelo Brazilian Journal of Psychiatry e que o autor dela é Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e com atuação no Laboratório de Neurociências na universidade.
A reportagem comete, assim, a falácia da autoridade. O fato de o estudo ter saído em uma publicação científica e de o autor ser da USP não comprova nada. O estudo tem de convencer por si próprio, pelo método científico, de modo que possa ser replicado por outros laboratórios com os mesmos resultados. Isso não houve.
5 — Texto jornalístico — principalmente com tema controverso — tem de apresentar diferentes pontos de vista, incluindo o de quem, no caso, não acredita em mediunidade. A reportagem da Folha só traz fontes com viés de confirmação da tese do autor.
Só para lembrar: o médium é a pessoa que alega falar com pessoas mortas, com espíritos.
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Reportagem não considera o método científico, abrindo espaço para pseudociência |
A reportagem não deve ser levada a sério pelo seguinte:
1 — Não há prova científica de que se pode falar com os mortos.
2 — O texto da reportagem induz que a referida pesquisa teria identificado os genes que viabilizam pessoas falar com quem está no além, seja lá o que isso pode significar. Se isso fosse verdade, os responsáveis pela pequisa ganhariam o Nobel da ciência.
3 — Sempre há diferenças genéticas entre pessoas — tidas como médiuns ou não — e seus parentes ou não, mas a explicação disso nunca será extraordinária, como a comunicação com os mortos, mas sim que, por exemplo, indivíduos de determinadas famílias tendem a ter unhas encravadas.
4 — Com o título “Médiuns têm alterações genéticas, mostra estudo coordenado pela USP”, a reportagem destaca que a pesquisa foi publicada pelo Brazilian Journal of Psychiatry e que o autor dela é Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e com atuação no Laboratório de Neurociências na universidade.
A reportagem comete, assim, a falácia da autoridade. O fato de o estudo ter saído em uma publicação científica e de o autor ser da USP não comprova nada. O estudo tem de convencer por si próprio, pelo método científico, de modo que possa ser replicado por outros laboratórios com os mesmos resultados. Isso não houve.
5 — Texto jornalístico — principalmente com tema controverso — tem de apresentar diferentes pontos de vista, incluindo o de quem, no caso, não acredita em mediunidade. A reportagem da Folha só traz fontes com viés de confirmação da tese do autor.
> Com informação da Folha de S.Paulo.
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