Carles Casajuana / La Vanguardia Fazia tempo que desejava reler Albert Camus e o coronavírus me deu o empurrão que faltava. Eu também pego "A Peste" e a devoro fascinado pela maestria com que Camus descreve como os habitantes da cidade empesteada — Oran — vão se adaptando à epidemia, como se instalam em um tenso presente, como pouco a pouco sua percepção da existência vai mudando. O doutor Rieux, o protagonista, ergue-se como uma figura incansável na luta contra a doença — um santo ateu, uma versão camusiana do super-homem nietzschiano —, em meio a um panorama desolador em que, no entanto, surge uma solidariedade bruta, primária. “É uma ideia que pode provocar riso — diz Rieux —, mas a única maneira de lutar contra a peste é a honestidade”. “O que é a honestidade?”, pergunta a seu interlocutor. “Não sei o que é em geral” — responde Rieux —, mas em meu caso, sei que consiste em fazer meu trabalho”. NA OBRA PRIMA DE ALBERT CAMUS, UM MÉDICO ATEU E UM JORNALISTA MOSTRA
Ciência, saúde, religião, ateísmo, etc.